quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um olhar sobre a infância



A  percepção do adulto sobre o sujeito criança na perspectiva de Wallon

“Para a criança, só é possível viver sua infância. Conhecê-la compete ao adulto. Contudo, o que irá predominar nesse conhecimento, o ponto de vista do adulto ou o da criança?”. (Wallon)

Alunos da Professora Solange em atividade livre, no pátio da escola.

Toda visão sobre a criança é sempre uma visão do adulto, sobre tudo o que as afeta. O diálogo adulto/criança só será possível se ao invés de colocar respostas em sua boca, o primeiro for capaz de deixar o segundo se manifestar, de forma livre e espontânea.

Historicamente, o homem sempre destacou a si mesmo em seus objetos de conhecimento, atribuindo significado e sentido em função do modo como os fenômenos o afetavam e continuam afetando, nos dias atuais. Deste modo, é de se esperar que um estudo sobre a infância seja sempre um estudo na perspectiva do olhar do adulto sobre a criança, em função de suas expectativas, na razão de que esta se torne semelhante a ele, num futuro próximo, ou atenda a um ideal projetado no presente. Este olhar supõe que na criança possa ser plantado essa semente do devir, como algo previsível.

O processo de conhecimento sobre o sujeito criança se faz, conforme Wallon, através do modo como o homem atribui a este objeto de conhecimento um olhar sobre a infância, na perspectiva do adulto, ou seja, uma visão adultocêntrica.

A visão sobre o ser criança será, portanto, uma interpretação do que se imagina ser a criança, num dado momento de sua vida. Uma interpretação sobre seu modo de pensar, agir, existir e refletir. Será sempre uma visão aproximada, e, possivelmente, distorcida da criança real.

Sobre essa visão adultocêntrica, Wallon em A evolução psicológica da criança, destaca:
“A criança, cujo crescimento ele vigia, guia e a quem muitas vezes lhe parece difícil atribuir motivos ou sentimentos complementares aos seus. Para o seu antropomorfismo espontâneo, quantas oportunidades, quantos pretextos, quantas aparentes justificativas! Sua solicitude é um diálogo em que ele completa as respostas que não obtém mediante um esforço de intuitiva simpatia, em que interpreta os menores indícios, em que acredita poder preencher manifestações lacunares e inconsistentes remetendo-se a um sistema de referências, feito de quê? Dos interesses que ele sabe serem os da criança e em relação aos quais lhe empresta uma consciência mais ou menos obscura, das predestinações cuja promessa gostaria de confirmar nela, dos hábitos, conveniências mentais ou sociais com as quais ele mesmo se identificou em maior ou menor medida, e também das lembranças que imagina ter guardado de sua própria infância. Sabemos, porém, que nossas primeiras lembranças variam com a idade em que são evocadas, e que toda lembrança trabalha em nós sob a influência de nossa evolução psíquica, de nossas disposições e das situações. A menos que esteja solidamente inserida num complexo de circunstâncias objetivamente identificáveis, o que raramente ocorre quando sua origem é infantil, é muito mais provável que uma lembrança seja a imagem do presente e não do passado. É assim, assimilando-a a si, que o adulto pretende penetrar a alma da criança.”(Wallon, 2007)

Nesse sentido, há que se ter muita sensibilidade ao lidar com a criança, cuja imagem está longe de representar uma cópia em miniatura do adulto, embora, sua capacidade de imitá-lo possa levá-lo a essa crença. Para tanto, o estabelecimento de um diálogo e não monólogo; a construção de espaços para a manifestação espontânea e livre das crianças, dotados de estruturas e estímulos, são essenciais para que esta possa dizer o que pensa, sente e deseja, ao mesmo tempo, em que assimila os valores de sua cultura, assim como, os conhecimentos,  historicamente, acumulados. No momento em que sua capacidade de verbalização e maturidade não lhe permite fazê-lo, de outro modo.


terça-feira, 2 de abril de 2013

2 de abril - DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO DO AUTISMO

AZUL
Olho o mar profundo
E para o céu também
Há tanto azul no mundo!
Isso me faz bem
Azul é minha cor
Tenho pensamentos azuis
Pra mim, anjos tem vestimentas azuis
Azul das baleias
Azul da cor dos olhos de alguém
Mas não posso esquecer
Que só me visto de azul também...
Azul, pode variar:
Celeste, marinho, não importa
O que importa é ser azul
A minha cor
A cor que está na minha alma
Tenho uma alma azulzinha
Como meus pensamentos de menina
Que virou mulher
Mas deixa um pezinho na infância
Coberta de azul...

Autora: Fátima Abreu