sábado, 24 de março de 2012

Como cultivar o hábito da leitura?




Cultivar o hábito da leitura no âmbito escolar é, ainda,  um dos maiores desafios que as instituições educativas, especialmente as públicas, tem pela frente. E, certamente, estes não estão desvinculados de outros tantos problemas  que a Educação Brasileira enfrenta na atualidade.
Por onde começar?
Todos sabem que a base  da educação de qualquer sujeito está na formação recebida no âmbito familiar. Mas, se este hábito não é introduzido na família, cabe a escola assumir para si esta responsabilidade e, então, envolvê-la, assim como, à comunidade.
O início deste processo se dá na infância, como acontece com qualquer outro hábito saudável. Quanto mais cedo iniciamos, mais positivos serão os resultados.
É, portanto, fundamental que as crianças desde cedo mantenham contato com material escrito: livros, gibis, panfletos, encartes, etc.  Mas, não basta entregar o material às crianças sem lhes dar nenhuma referência. Uma postura leitora não se estabelece se as crianças não têm diante de si um modelo: um adulto leitor. Somente com este modelo elas serão capazes de perceber a função social da leitura, como da escrita.
Sendo assim, pais e professores que não tem o hábito da leitura jamais poderão servir de modelo.
Na Educação Infantil é possível desenvolver o hábito da leitura em atividades como: Roda de Leitura e Hora do Conto. Nestas o professor proporciona às crianças, no momento específico e ambientação adequada,  a possibilidade de manusear livros  de estórias e gibis; como também, após selecionar com antecedência uma história, prepara-se para, então, apresentá-la aos pequenos, da forma mais criativa possível. O ideal é que estes momentos aconteçam todos os dias. Se o(a) professor(a) for  capaz de ler um livro por dia,  imaginem quantos livros as crianças terão "lido" ao final do ano letivo? 
Outra alternativa é envolver a família, disponibilizando, através de empréstimo, um livro para que cada criança o leve para casa de modo a ser lido por seus pais, ou mesmo, o irmão mais velho.
Não podemos esquecer a importância das bibliotecas escolares de instituições públicas nas quais faltam espaço e profissional qualificado para gerenciá-las. Em nossa cidade é urgente a necessidade de revitalizar nossas bibliotecas, destacando um espaço especial para o público infantil, incluindo as crianças com deficiência.  
Possivelmente, iniciativas como essas podem, certamente, ter influenciado na formação do escritor mirim Francisco Stelzer, de 9 anos. Ele escreveu o livro “O Peixe-Pintor”, quando esperava a mãe na biblioteca de sua escola. Para saber mais cliquehttp://www1.folha.uol.com.br/folhinha/1065908-leia-entrevista-com-escritor-de-nove-anos.shtml

sábado, 17 de março de 2012

Dia internacional da Síndrome de Down - Dia 21 de março

Todas as iniciativas, sejam da sociedade civil ou dos meios de comunicação devem ser louvadas quando se manifestam e se posicionam contra à exclusão social, em prol de uma sociedade mais inclusiva. Por essa razão está de parabéns o Programa TV Xuxa, que neste sábado(17/03) dedicou o programa às crianças e jovens com Síndrome de Down. Mostrando a todos nós que suas capacidades são ilimitadas tanto quanto a de qualquer outro ser humano. Não existem barreiras ao seu desenvolvimento quando são educados em famílias e instituições acolhedoras.

Os meios de comunicação são ferramentas pedagógicas por excelência, tal é o seu grau de influência. Que tais iniciativas possam beneficiar  um número maior de pessoas com deficiência, de modo a que possamos através de informação e conhecimento, romper  com o preconceito existente na sociedade contra este grupo de indivíduos.

"A Síndrome de Down decorre de um acidente genético que ocorre em média em 1 a cada 800 nascimentos, aumentando a incidência com o aumento da idade materna. Atualmente, é considerada a alteração genética mais freqüente e a ocorrência da Síndrome de Down entre os recém nascidos vivos de mães de até 27 anos é de 1/1.200. Com mães de 30-35 anos é de 1/365 e depois dos 35 anos a freqüência aumenta mais rapidamente: entre 39-40 anos é de 1/100 e depois dos 40 anos torna-se ainda maior. Acomete todas as etnias e grupos sócio-econômicos igualmente. É uma condição genética conhecida há mais de um século, descrita por John Langdon Down e que constitui uma das causas mais freqüentes de deficiência mental (18%). No Brasil, de acordo com as estimativas do IBGE realizadas no censo 2000, existem 300 mil pessoas com Síndrome de Down. As pessoas com a síndrome apresentam, em conseqüência, retardo mental (de leve a moderado) e alguns problemas clínicos associados."(Portal da Sindrome de Down). Para saber mais acesse http://www.portalsindromededown.com

quinta-feira, 15 de março de 2012

Relatório Mundial sobre a deficiência apresenta 9 recomendações

      No mundo inteiro são inúmeros os desafios a serem superados de modo a garantir às pessoas com deficiências (crianças, jovens, adultos e idosos) os seus direitos mais básicos e fundamentais. Tal situação demonstra a incapacidade das nações em todo o mundo, em acolher às diferenças e a diversidade humana. O relatório aponta para a necessidade urgente de ações efetivas tanto dos governos como da própria sociedade civil em reverter este quadro que atenta contra a dignidade humana. Leia na íntegra o relatóriohttp://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/Relatorio_Mundial_SUMARIO_PDF2012.pdf

sábado, 3 de março de 2012

Educação Infantil e desenvolvimento humano

SOLANGE SAMPAIO DE OLIVEIRA

Pedagoga e Professora

Especialista em Educação Infantil/UFAM



Para a Psicologia Histórico-cultural, o homem não nasce humano, mas, humaniza-se à medida que se insere no mundo da cultura, através da apropriação dos bens materiais (palpáveis) e não materiais (não palpáveis),  produzidos pela humanidade ao longo de sua existência histórica. Por esta razão a criança não nasce humana, mas, humaniza-se pela apropriação dessa herança cultural, através da Educação, seja ela formal ou não.

Arquivo pessoal

Sendo assim, o desenvolvimento infantil e a humanização do ser criança não se fazem somente pela via do seu aparato biológico, mas, é necessário que haja a sua inserção no mundo da cultura,  único elemento capaz de fornecer-lhe as condições psíquicas que são inerentes à condição humana.

É através da sua relação com a cultura do seu entorno (família, comunidade, escola, etc.) que a criança  torna-se apta a participar e atuar como membro da sociedade humana. Logo, “(...) a humanização do homem não é uma decorrência biológica da espécie, mas consequência de um longo processo de investimento no aprendizado da criança pequena, processo que se dá no interior do grupo social”. (ARCE, 2007, p. 107)

Arquivo pessoal
Vale ressaltar que todos os atores sociais são responsáveis por esse processo de humanização que se dá desde o  nascimento da criança, tendo a família um importante papel a desempenhar nesse processo. Já que cabe a esta estabelecer as bases para tal desenvolvimento.

Na medida em que a criança passa a participar de outros grupos sociais (escola, comunidade, etc.) estes passam a exercer uma enorme influência sob o seu processo de humanização (leia-se: EDUCAÇÃO).  

Para tanto é fundamental compreendermos alguns fatos que dizem respeito ao universo infantil:

A criança não possui aptidões humanas criadas de antemão. A capacidade para realizar esta ou aquela tarefa, falar um determinado idioma e comunicar-se resulta da sua interação com o meio social, mediado pelo adulto. Ou seja, o adulto é a ponte entre a cultura e a criança.

O desenvolvimento de suas capacidades decorre da apropriação dos objetos de sua cultura (sejam eles materiais ou não), a medida que atua sobre estes,  apropria-se de suas funções sociais. É a partir das relações que estabelece com as pessoas mais próximas e seus pares, que a criança passa a conferir significado as pessoas, objetos e relações. Transformando, relações sociais em funções psicológicas (apropriação de capacidades e habilidades).

Arquivo pessoal
Vale ressaltar, que no processo de aquisição de novos saberes, pelo sujeito, há a necessidade de que estes saberes atendam as suas demandas afetivas, pois só quando a criança está envolvida afetivamente, ela engaja-se na tarefa que realiza, pelo significado que esta lhe desperta. Esta condição é imprescindível para que a criança aprenda,  desenvolva-se e se expresse.

A Psicologia Histórico-cultural ressalta a importância da aprendizagem enquanto motor do desenvolvimento humano, considerando a importância das relações sociais como pano de fundo de todo este processo.

Sendo assim, se a criança desde cedo não estiver envolvida em atividades que sejam, efetivamente, impulsionadoras de seu desenvolvimento, isto, consequentemente, bloqueará o despertar de suas capacidades e habilidades de natureza afetiva, cognitiva, social e motora; impedindo-a, em face de tais limitações, sua ação sobre o meio, enquanto sujeito de sua própria história. De modo que “[...] em lugar da formação de sua autoconsciência sobre as próprias possibilidades, forma-se uma consciência dos limites, daquilo que ela não pode ou não sabe fazer”. (BISSOLI, p.6)

Arquivo pessoal
Vygotsky chama a atenção para o fato de que nem tudo pode ser aprendido a qualquer tempo. Existem momentos propícios para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores. Os tempos e os ritmos são individualizados, havendo sempre a possibilidade de que duas crianças, de uma mesma faixa etária, encontrarem-se em diferentes momentos e etapas do desenvolvimento infantil.

As diferenças entre as crianças de uma mesma faixa etária, jamais poderão resultar em preconceito de nenhuma espécie ou mesmo desconforto por parte de pais  e/ou professores. Já que tal atitude em nenhum momento favorece a criança. Sendo, ao contrário, obstáculo a sua aprendizagem e desenvolvimento.

O ideal seria que escola e família,  agissem em parceria, visando identificar a natureza das limitações da criança. Buscando apoio especializado, quando necessário, e elaborando formas de intervenção que possam ser eficazes, preservando o bem estar da criança e garantindo-lhe um desenvolvimento harmônico e saudável.

 É, portanto, imprescindível conhecermos as peculiaridades do desenvolvimento infantil, oferecendo à criança uma educação que a respeite como sujeito único e singular. Somente assim, estaremos promovendo uma educação, efetivamente, humanizadora.





Para saber mais:

ARCE, Alessandra e outros. QUEM TEM MEDO DE ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL? Em defesa do ato de ensinar. Campinas, SP: Editora Alínea, 2007

BISSOLI, Michele de Freitas. Educação Infantil: Espaço e tempo de desenvolvimento da personalidade da criança. FACED/UFAM

FALK, Judit e outros. Educar os primeiros anos: a experiência de Lóczy. Araraquara: IM Editora, 2004

VIGOTSKY, Lev Semenovich. Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004