terça-feira, 26 de maio de 2020

Pedagogia Inclusiva, Autismo e neurociência



A construção de uma Pedagogia Inclusiva não se dá, ainda, nas Universidades, e, tão pouco, nos cursos superiores e licenciaturas. Talvez, por isso, muitos justificam sua incapacidade para aplicá-la, em razão da falta de conhecimento e qualificação para tal.
Montessori, no início do século passado, trouxe-nos uma proposta pedagógica inclusiva que, infelizmente, muitos ainda desconhecem. Assim como, a promoveu num mundo marcado por forte autoritarismo, exclusão e guerras.

O método Montessori resultou de uma experiência pedagógica bem sucedida com crianças que apresentavam deficiência intelectual, cuja a única intervenção que recebiam era de natureza clínica.

Após serem instruidas em um processo pedagógico dirigido por Maria Montessori, estas crianças foram submetidas a uma avaliação nacional, juntamente com as demais que estudavam em escolas regulares. As crianças atendidas por Montessori, destacaram-se na avaliação, apresentando excelente desempenho.

Tal fato despertou em Montessori o desejo de expandir seu método para as demais escolas de Roma, de modo que toda a infância pudesse ser beneficiada por ele. Foi assim, que ficou mundialmente conhecido.

O método Montessori é inclusivo na sua origem, por esta razão a Pedagogia Inclusiva pode guiar-se por seus princípios pedagógicos.

Da mesma forma que o Pedagogia Montessoriana, a Pedagogia Inclusiva é humanista, carregada de generosidade, amorosidade, respeito às diferenças e individualidades.

A Pedagogia Inclusiva não é um método.

A Pedagogia Inclusiva é uma filosofia de vida.

A Pedagogia Inclusiva promove o desenvolvimento humano, num ambiente preparado para a criança, respeitando seu nível de desenvolvimento, ritmo e potencialidades.

A contribuição da Neurociência no Aprendizado de todos

  Toda experiência, desde os primeiros anos de vida, deixam marcas em nosso cérebro e determinam quem somos.

  Nascemos, sim, com um equipamento neurobiológico particular, que pela educação que recebemos, somando-se à herança genética, aliada à fatores ambientais e neurobiológicos, com a devida mediação pedagógica, intencional e ativa, resultarão num indivíduo em particular. 

Considerando que a efetiva aprendizagem deixa marcas físicas no cérebro, já     que pesquisas feitas no cérebro de Einstein, objetivando identificar a origem de sua genialidade, identificaram sinais semelhantes à letra grega ômega. E, estes sinais correspondiam a uma das atividades realizadas pelo ilustre cientista,  que era a prática de tocar violino.


      A Educação de crianças com autismo deve fazer uso das descobertas neurocientíficas,  que podem trazer muitas contribuições quando se trata de promover uma aprendizagem efetiva, reconfigurando um cérebro que vem com limitações neurobiológicas, mas, não está limitado a elas.

   A abordagem Montessoriana nos desperta para este olhar cheio de possibilidades. 
Solange Sampaio de Oliveira

Pedagoga e neuropsicopedagogia Especialista em Autismo



Um abraço 💙💙💙🌻






sábado, 1 de dezembro de 2018

INCLUSÃO ESCOLAR NUMA PERSPECTIVA LÚDICA


Solange Sampaio de Oliveira
Pedagoga pós-graduada em Educação Especial e Educação Infantil
Professora da Sala de Recursos da Emef Lírio do Vale - Manaus/AM


Inúmeros são os desafios a serem superados no sentido de que possamos, efetivamente, consolidar o processo de inclusão das pessoas com deficiência, tanto no âmbito social quanto no escolar. De acordo com a atual Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, percebe-se o constante esforço, no âmbito legal,  no sentido de oferecer às pessoas com deficiência, com limitações sensoriais, físicas e/ou motoras, déficit intelectual, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação – historicamente excluídas do processo social e educacional – propostas pedagógicas que visam a oferta de uma Educação de qualidade. Uma educação que não aposta nas limitações deste grupo de indivíduos, mas, sobretudo, no desenvolvimento do seu potencial: afetivo, cognitivo, físico e social.
                                              
Aquisição do conceito de número - correspondência número/quantidade

      Ao trabalharmos com alunos com déficit intelectual, TDAH e TEA(transtorno do espectro autista), temos como meta nos ater não na especificidade da deficiência, mas, na particularidade de cada sujeito que apresenta a deficiência com uma dentre outras várias características e peculiaridades humanas. O foco é o sujeito, considerando suas demandas, interesses e necessidades. O foco na deficiência fica para as especialidades médicas que, historicamente, vem buscando entendê-la e tratá-la, muitas vezes, desconsiderando o sujeito na sua dimensão humana. 

Diferente disso, acreditamos no sujeito, na pessoa humana, e, nesta perspectiva,  compreendemos a Educação, e por extensão a Educação Especial numa abordagem inclusiva, enquanto processo social e histórico.  Onde a aquisição do conhecimento garante ao ser humano o domínio da natureza e de seus recursos, de modo a garantir sua sobrevivência.  Pensar o processo pedagógico nesta perspectiva pressupõe conceber a aprendizagem enquanto processo coletivo e dialético. Pois, como dizia Paulo Freire, ninguém educa ninguém, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo.


Consciência fonológica - vogais

        Em geral a atividade lúdica no âmbito escolar, muito  freqüentemente, é vista de forma negativa. Já que, tradicionalmente, a brincadeira e o estudo foram sempre colocados como atividades incompatíveis. Afinal, estudar é coisa séria. Como também, pouca importância, até bem pouco tempo, foi dada a brincadeira infantil. Costumeiramente,  fomos habituados a ver na brincadeira um mero passatempo.  No entanto, estudos e pesquisas vêm demonstrando a importância do brincar e do jogo para o desenvolvimento humano.
De acordo com Antunes(2003, p.10): “O jogo possui implicações importantíssimas em todas as etapas da vida psicológica de uma criança e representa erro inaceitável considerá-lo como atividade trivial ou perda de tempo”.


Ciclo da vida das plantas e dos animais

 A atividade envolvendo o jogo de regras permite que os alunos busquem superar os desafios impostos pelo jogo num ambiente colaborativo de aprendizagem, onde os alunos, na atividade em grupo, passam atuar na zona de desenvolvimento proximal do colega. Pois conforme enfatiza Vigotsky, o que uma pessoa não consegue realizar sozinha, é capaz de fazê-lo com a ajuda do outro.

 A aprendizagem,  a aquisição e a elaboração de novos conceitos ocorrem num clima de descontração, em contextos significativos, onde a teoria está diretamente vinculada à prática. Livre de pressões e tensões (próprias de ambientes tradicionais de ensino). Para Oliveira(2007)  as melhores situações de aprendizagem estão entre aquelas que nos ensinam a pensar de forma criativa e crítica num ambiente lúdico.

Exercício de leitura e escrita


A literatura sobre o assunto aponta para vários resultados. As habilidades e competências cognitivas e sociais desenvolvidas através do jogo passa a fazer parte da estrutura mental do sujeito que dele participa. Podendo ir além, à medida em que através do processo de generalização dos conceitos é possível sua aplicação nos mais variados contextos sociais: no âmbito acadêmico, social, pessoal, familiar e profissional.

O cérebro ao buscar novas estratégias para a resolução de problemas, desenvolve estratégias funcionais e efetivas. Com a experiência, aprende a utilizá-las cada vez melhor. Não apenas no contexto específico, mas, também, em similares.

 
Aquisição da sequência numérica


A aprendizagem no contexto lúdico não se limita a aquisição de conteúdos, mas, visa, também,a assimilação de processos e métodos que permitem o alcance dos objetivos almejados e de regras que possibilitam este percurso. Tal situação é válida igualmente, de acordo com Oliveira(2007), em situações onde o processo de construção do conhecimento pressupõe a superação de barreiras vinculadas à dificuldades cognitivas e/ou emocionais, onde o processo é desenvolvido de forma mais lenta e fragmentada.

Em casos onde são constatados distúrbios ou problemas na aprendizagem os jogos representam uma poderosa alavanca que dinamiza e flexibiliza este processo. Outro aspecto relevante na aplicação do jogo como recurso de aprendizagem está em sua capacidade de envolver e motivar os sujeitos que participam deste processo, resgatando seus processos mentais de forma saudável, envolvendo-os em sua dinâmica viva e atraente, estimulando sua participação e seu processo criativo na busca de novos caminhos, através de novas tentativas. Por meio do jogo se desencadeiam processos mentais em contextos significativos de aprendizagem, em processos lúdicos de construção do conhecimento.
 
Desenvolvendo a consciência fonêmica - som final

Numa situação de jogo os desafios não são vistos com receio e nem inspiram aversão, mas, configuram-se atraentes e estimulantes, desenvolvendo a atenção, o  raciocínio e a autonomia intelectual. Lembrando que para Piaget o desenvolvimento da autonomia deveria ser a principal meta da Educação.

 É nesta perspectiva que se buscou desenvolver um projeto de intervenção pedagógica, numa abordagem lúdica, na SALA DE RECURSOS da EMEF Lírio do Vale em Manaus/AM,  tendo em vista a riqueza deste recurso educacional no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem de todos os sujeitos, independente de sua raça, faixa etária e condição social; com e sem deficiência.


Uma criança autista jogando com sua mãe na Sala de Recursos

 Para saber mais:

ANTUNES, Celso. O jogo e a Educação Infantil - Editora Vozes, 2003
OLIVEIRA, Vera B. de. Jogo de Regras e a resolução de problemas. - Editora Vozes, 2007

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Matemática para crianças com autismo

    A matemática não é dentre as disciplinas a mais popular entre as nossas crianças neurotípicas. O que dizer então, das nossas crianças com TEA. No entanto, não é culpa da matemática, mas da maneira como esta área do conhecimento é apresentada e vivenciada nas instituições educativas. Geralmente, de modo muito abstrato e descontextualizado.
    Nós respiramos conceitos matemáticos, desde a hora em que acordamos até a hora de dormir. A matemática faz parte do nosso dia-a-dia. Conhecemos, pelo menos uma pessoa, que nunca frequentou uma escola, mas, é hábil em cálculo mental. Faz como dizem: "conta de cabeça". Nós nos expressamos usando, frequentemente, conceitos matemáticos. Estamos envoltos na matemática. Então, porque ainda é um desafio para muitos, ensinar matemática?
   De lado as questões teóricas, gostaria de compartilhar uma metodologia que pode ser muito útil para introduzir alguns conceitos matemáticos, além de estimular o desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação nas crianças e adolescentes com autismo.  Esta metodologia usa como instrumento pedagógico o Jogo de Regras.

   Abaixo, duas experiências bem sucedidas e que valem a pena serem replicadas em nossas escolas, especialmente, quando nos propomos promover uma educação de natureza inclusiva. 

   Em ambos os jogos, poderemos desenvolver as seguintes habilidades:

- Cálculo mental
- Compartilhar a atenção;
- Respeito às regras;
- Habilidades sociais;
- Comunicação expressiva e compreensiva(troca de turnos nos diálogos);

- Tolerância à frustração(quando se trata de jogos competitivos);

- Autocontrole da conduta(capacidade de esperar a vez e revezar);
- Autoestima e autoconfiança; dentre outros.


JOGO 1 -  Memória 10

    Objetivo: Obter dois numerais cuja soma seja igual a 10. Quem obtiver maior quantidades de cartas, no final, ganha o jogo.
    Recursos materiais: 
- Cartas numeradas de 0 a 10 (duplicadas), ou seja, duas de cada numeral, num total de 22.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal


JOGO 2 -  Nunca 10

    Objetivo: trocar 10 unidades por 1 barra que equivale a uma dezena. Ganha o jogo quem acumular maior quantidade de dezenas.
   
    Material: 1 dado e uma caixa de Material Dourado.

   Em nível mais avançado, pode- se introduzir o conceito de centena e milhar. 
   Mas, um passo de cada vez, ou seja, trabalhe um conceito por vez. Passe, apenas, para o próximo, quando o anterior estiver consolidado.

   Como jogar:

   O primeiro jogador lança o dado cuja pontuação corresponderá a uma quantidade de unidades que vão sendo acumuladas até se obter 10 unidades que por sua vez serão substituídas por uma dezena(1 barra).

Arquivo pessoal

Agora, é só chamar a turma pra jogar. 
Boa sorte!!!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Autismo: Como direcionar as fixações para transformá-las em conteúdo de aprendizagem significativa

Temple Grandin(*)

     Atualmente eu tenho uma carreira bem sucedida projetando equipamento para gado, e devo isso ao meu professor de ciências do segundo grau. O Sr. Carlock ajudou-me a canalizar a minha fixação para me motivar a estudar psicologia e ciências. Ele também me ensinou a usar tabelas científicas.

     Este conhecimento me capacitou a descobrir o "Trofanil". Enquanto o psicólogo queria eliminar a minha máquina de compressão, o meu professor encorajou-me a ler jornais científicos para que eu pudesse entender porque a máquina tem um efeito relaxante. Quando me mudei para o Arizona para fazer a faculdade, costumava ir para os ranchos estudar as reações do gado à máquina. Este foi o início da minha carreira.

Máquina do abraço - Imagens Google
Imagens Google

     Hoje sou reconhecida como líder no meu campo de trabalho, viajo pelo mundo todo projetando equipamentos para grandes firmas de gado e já escrevi mais de 100 trabalhos científicos e técnicos nesta área (Grandin, 1984). Se o psicólogo tivesse tido sucesso em tirar de mim a minha máquina compressora, talvez agora eu estivesse sentada em algum canto apodrecendo em frente a uma TV em vez de estar escrevendo este artigo.

    Alguns dos autistas mais bem sucedidos são pessoas que, de alguma forma, conseguiram canalizar as fixações da infância transformando-as em carreiras (Bemporad, 1979; Grandin & Scariano, 1968; Kanner, 1971). Quando Kanner (1971) acompanhou e buscou saber sobre seus 11 casos originais, haviam dois que se sobressaíam e eram bem sucedidos. Um deles transformou a fixação que tinha por números em um bom trabalho em um Banco. Quando era criança um fazendeiro o contratou e encontrou um alvo para sua fixação. Ele disse que o menino poderia contar as fileiras de pés de milho se ele arasse a terra.

Imagens Google
     Muitas das minhas fixações, a princípio, estavam relacionadas aos meus sentidos. Quando eu estava na quarta série, gostava de usar certo tipo de propaganda eleitoral que era feita de duas placas de madeira presas de maneira que eu as vestia como se fosse um vestido. Na verdade, eu gostava de me sentir um sanduíche com as placas na frente e atrás. Alguns terapeutas dizem que o uso de uma veste mais pesada frequentemente reduz a hiperatividade. Mesmo que a minha atração por propagandas eleitorais tenha se iniciado por razões sensoriais, eu acabei me interessando por eleições.    

   Meus professores deviam ter tirado proveito disso para me estimular e me fazer interessada em Estudos Sociais. Calcular os pontos das eleições poderia me ajudar em Matemática. A minha leitura poderia ser motivada através da leitura das propagandas e das pessoas que estavam concorrendo aos cargos políticos. Se uma criança se interessa muito por aspiradores de pó, então use o livreto de instruções do aspirador como livro texto para essa criança. 

Imagens Google
Outra das minhas fixações eram as portas de correr de vidro. No início eu estava interessada nelas porque eu gostava da sensação de vê-las se movimentando. Um adolescente autista que tenha interesses desse tipo pode ser estimulado a aprender mais sobre ciências. Se o meu professor tivesse me desafiado a aprender os mecanismos e partes eletrônicas da porta de correr, eu provavelmente teria entrado na área de eletrônica. 

       As fixações podem ser tremendos motivadores e os professores precisam usar essa ferramenta. Quando os interesses da criança são estreitos é preciso trabalhar para aumentá-los e transformá-los em atividades construtivas. O mesmo princípio pode ser aplicado tanto em crianças com um comprometimento pequeno quanto crianças com comprometimento mais forte com o autismo. Simons e Sabine (1987) dão uma lista com muitos bons exemplos.

     É preciso diferenciar as fixações dos estereótipos do tipo bater palmas ou ficar se balançando. Fixação é um interesse em algo externo como avião, rádio ou portas de correr. A criança que fica agindo estereotipicamente por um longo período de tempo pode danificar o sistema nervoso.

Fonte: (*) Uma visão interior do Autismo - Direcionando fixações: Tradução feita por Jussara Cunha de Mello - Belo Horizonte a pedido da Associação de Pais de Portadores de Autismo e outras Síndromes - APPAS.
Obtida da INTERNET- ftp://ftp.syr.edu/information/autism/an inside_view_of_autism_txt




domingo, 6 de setembro de 2015

AUTISMO E EDUCAÇÃO: INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DA ARTE

   
Pintura de Ana Beatriz 
   Não há dúvidas da importância de proporcionar as nossas crianças a maior variedade possível de experiências, para que estas possam interagir e se expressar das mais variadas formas. Quando se trata de crianças com autismo esse trabalho torna-se de especial relevância. Foi pensando nisso que promovi para as minhas crianças com TEA uma oficina de arte. Onde estas foram estimuladas a vivenciar experiência com o uso de diferentes materiais para produzir esses quadros lindos que foram expostos no EAMAAR em Manaus. 

Usuária do EAMAAR 

    Os materiais utilizados foram: cartolina, tinta guache, escova de limpeza, escova de dente, esponjas, rolos de esponja e rolos de papel higiênico para produzir os carimbos. Todo o trabalho foi mediado, oferecendo as possibilidades e esperando o engajamento, que foi imediato. As crianças aprenderam que misturando as cores primárias obtêm-se as secundárias. E foram capazes de seguir as orientações, mas também tiveram a liberdade de fazer suas escolhas sobre o que seria produzido. Tanto que muitos desenhos retratam objetos de interesse e até as fixações.


    Brincar com tinta é uma gostosura. Alguns, inicialmente, não queriam se sujar, no entanto, foram capazes de se arriscar e se divertiram lambuzando as mãos de tinta. Depois do trabalho concluído foi perceptível o nível de satisfação com o resultado pelas próprias crianças, e seus familiares que ficaram surpresos e felizes. A exposição aconteceu na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, com o objetivo de promover a inclusão social de nossas crianças através da arte, dentre outros. Abaixo alguns trabalhos.



Daniel e Ana com a Pedagoga Solange idealizadora do projeto