quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O autismo e hiperatividade motora

           Temple Grandin, uma célebre autista,  revela que sua necessidade por canalizar uma intensa inquietude a levou à escrever, resultando num efeito calmante. Eram três artigos escritos por noite, acrescentando que datilografar “furiosamente” a deixava mais calma e completando: “Eu me sentia muito nervosa quando não tinha nada para fazer (...) muitas das minhas fixações, à princípio, estavam relacionadas aos meus sentidos. Quando eu estava na quarta série, gostava de usar um certo tipo de propaganda eleitoral que era feita de duas placas de madeira presas de maneira que eu as vestia como se fosse um vestido. Na verdade, eu gostava de me sentir um sanduíche com as placas na frente e atrás. Alguns terapeutas dizem que o uso de uma veste mais pesada frequentemente reduz a hiperatividade”.

Um dos aspectos que, possivelmente, mais incomodam os familiares de pessoas que convivem com crianças e jovens com autismo, é o excesso de atividade motora e inquietude crônica. Um aspecto que de certa forma está relacionado ao transtorno.

Crianças canalizando energia em atividade lúdica e sensorial(Google imagens)
Quando vejo uma criança ou jovem com autismo, movido por grande inquietude motora, percebo um indivíduo ávido por realizar atividade, com uma energia intensa e dificuldades para canalizá-la, o que resulta em excessos de movimentos desordenados pela ausência de um direcionamento e pela incapacidade de ser compreendido no atendimento a esta demanda, pelos que o rodeiam.

Pesquisas demonstram que vigorosos exercícios físicos podem diminuir o índice de comportamentos atípicos ou estereotipados, pois canaliza a energia do sujeito para uma determinada direção. Essa conduta autista é perfeitamente compreensível. Se pudermos nos imaginar  sentados um dia todo sem fazer nada, não conseguiríamos, a menos que estivéssemos doentes; pois temos a necessidade de preencher o nosso tempo com alguma atividade que seja prazerosa. 

Como a criança com autismo não consegue verbalizar esta necessidade e não consegue canalizá-la de forma produtiva, sozinha, limita-se aos movimentos desordenados e desconexos.

Google Imagens
              Causa-me grande incômodo a análise que especialistas fazem de pessoas com autismo, referindo-se, tão somente, à síndrome, como se ali não existisse um sujeito. E, acabam por atribuir todo o comportamento do sujeito, ao autismo. Sem perceber que se trata de um ser humano com características próprias, sendo afetado por algo que está fora do seu controle.

          Um dos aspectos que mais me chamaram à atenção nos relatos de Grandin é o fato dela destacar com frequência a insistência de sua mãe em não se sujeitar ao autismo, mas se impor a ele. Ou seja, ela não deixou que o Autismo a vencesse, ela buscou ir além dele. Temple Grandin é a prova viva deste feito. Tornou-se um ser humano perfeitamente ajustado e adaptado, uma cidadã do mundo.

 Grandin é PhD em Zootecnia pela Universidade de Illinois e ministra cursos na Universidade Estadual do Colorado a respeito de comportamento de rebanhos. Presta consultoria para a indústria pecuária em manejo, instalação e cuidado de animais. É mundialmente conhecida pelas palestras que ministra sobre autismo. Uma profissional  que se destaca na sua área de atuação, além de contribuir com sua experiência de vida para que todos tenhamos uma melhor compreensão sobre o autismo e a possibilidade da conquista de uma vida produtiva e plena.

              

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