domingo, 9 de novembro de 2014

NÃO CHOREM POR NÓS

    
            Os pais geralmente contam que reconhecer que seu filho é autista foi a coisa mais traumática que já lhes aconteceu. As pessoas não autistas veem o Autismo como uma grande tragédia, e os pais experimentam um contínuo desapontamento e luto em todos os estágios do ciclo de vida da família e da criança.

Mas este pesar não diz respeito diretamente ao autismo da criança. É um luto pela perda da criança normal que os pais esperavam e desejavam ter, as expectativas e atitudes dos pais e as discrepâncias entre o que os pais esperam das crianças numa idade particular e o desenvolvimento atual de seu próprio filho causam mais estresse e angústia que as complexidades práticas da convivência com uma pessoa autista.


Samuel - Arquivo pessoal

 Uma certa quantidade de dor é normal, até os pais se ajustarem ao fato de que o resultado e o relacionamento que eles estavam esperando não vai se materializar. Mas esta dor pela criança normal fantasiada precisa ser separada da percepção da criança que eles realmente têm.

A criança autista que precisa de adultos cuidadosos, pode obter um relacionamento muito significativo com essas pessoas que cuidam dela, se lhes for dada a oportunidade. Atentar continuamente para o Autismo da criança como a origem da dor é prejudicial tanto para os pais como para a criança e impede o desenvolvimento de uma aceitação e de um relacionamento autêntico entre eles. Em consideração a eles próprios ou à suas crianças, eu conclamo os pais a fazerem mudanças radicais nas suas opiniões sobre o que o Autismo significa.


Kelvyn - Arquivo pessoal


Eu convido vocês a olharem para o nosso autismo e olharem para o seu luto sob a nossa perspectiva .

O Autismo não é um apêndice. O autismo não é algo que uma pessoa tenha, ou uma concha na qual ela esteja presa. Não há nenhuma criança normal escondida por trás do Autismo. O Autismo é um jeito de ser, é pervasivo, colore toda experiência, toda sensação, percepção, pensamento, emoção e encontro; todos os aspectos da existência. Não é possível separar o Autismo da pessoa. E se o fosse, a pessoa que você deixaria não seria a mesma com a qual você começou.

Isto é importante, então, tire um momento para considerar que : Autismo é um jeito de ser. Não é possível separar a pessoa do Autismo.



Marcos Vinicius - Arquivo pessoal

Por conseguinte, quando os pais dizem: "Gostaria que meu filho não tivesse Autismo". O que eles realmente estão dizendo é: "Gostaria que meu filho autista não existisse, e eu tivesse uma criança diferente em seu lugar".

Leia isto novamente. Isto é o que ouvimos quando vocês lamentam por nossa existência. É o que percebemos quando vocês nos falam de suas mais tenras esperanças e sonhos para nós: que seu maior desejo é que, um dia, nós deixemos de ser, e os estranhos que vocês possam amar vão surgir detrás de nós.

Autismo não é uma parede impenetrável.

Você tenta falar com seu filho autista e ele não responde. Ele não te vê. Você não consegue alcançá-lo. Não há adentramento. É a coisa mais difícil de lidar, não é? A única coisa é que isso não é verdade.



Murilo - Arquivo pessoal

Veja novamente: você tenta falar como pai de uma criança, usando seu próprio entendimento de uma criança normal, seus próprios sentimentos sobre relacionamentos. E a criança não responde de forma que você possa reconhecer como sendo parte desse sistema.

Isso não significa que a criança esteja totalmente incapacitada para se relacionar. Só significa que você está assumindo um sistema compartilhado, um entendimento compartilhado de sinais e significações do qual a criança em questão não participa.

É como se você tentasse ter uma conversa íntima com uma pessoa que não tem compreensão de sua linguagem. É óbvio que a pessoa cuja linguagem não vai entender o que você está falando; não vai responder da forma que você espera; e pode mesmo achar confusa e desprazeirosa toda a interação.


Francisco - Arquivo pessoal
Dá mais trabalho se comunicar com uma pessoa cuja linguagem não é a nossa. E o Autismo vai mais fundo que a linguagem e a cultura. Os autistas são estrangeiros em quaisquer sociedades. Você vai ter que abrir mão de toda a sua apropriação de significados compartilhados. Você vai ter que aprender a voltar a níveis mais básicos, sobre os quais provavelmente você nunca tenha pensado, vai ter que abandonar a certeza de estar em seu próprio território familiar de conhecimento, do qual você está a serviço e deixar seu filho lhe ensinar um pouco de sua linguagem, guiá-lo um pouco para dentro de seu mundo.

Mesmo que você tenha sucesso, ainda não será um relacionamento normal entre pai e filho. Sua criança autista pode aprender a falar, pode ir para séries regulares na escola, pode ir à Universidade, dirigir um carro, viver independentemente, ter uma carreira, mas nunca vai conversar com você como outras crianças conversam com seus pais. Ou, sua criança autista pode nunca falar, pode passar de uma sala de educação para programas de oficina protegida, ou residências especiais, podem precisar por toda a vida de cuidado e supervisão de tempo integral - mas essa tarefa não está completamente fora do seu alcance. As formas que relatamos aqui são diferentes. Levam para coisas que suas expectativas dizem que são normais, e você vai encontrar frustração, desapontamento, ressentimento, talvez até raiva e ódio. Aproxime-se respeitavelmente, sem preconceitos e com abertura para aprender novas coisas, e você vais encontrar um mundo que nunca poderia ter imaginado.

Daniel - Arquivo pessoal

Sim, isto dá mais trabalho que falar com uma pessoa não autista. Mas pode ser feito - a não ser que as pessoas não autistas estejam muito mais limitadas que nós em sua capacidade de se relacionar. Levamos a vida inteira fazendo isso. Cada um de nós que aprende a falar com vocês, cada um de nós que funciona bem na sua sociedade, cada um de nós que consegue alcançar e fazer um contato com vocês está operando em um território estranho, fazendo contato com seres alienígenas. Passamos a nossa vida inteira fazendo isso. E então, vocês vêm nos dizer que não podemos falar.

Autismo não é morte.

Certo, o autismo não é o que muitos pais esperam e se preparam quando antecipam a chegada de uma criança. O que esperam é que uma criança vai parecer com eles, vai pertencer ao seu mundo e falar com eles sem um treinamento intensivo para um contato alienígena. Até se a criança tem alguns distúrbios diferentes do Autismo, os pais esperam estarem aptos a falarem com ela de modo que pareça normal para eles, e na maioria dos casos, mesmo considerando a variedade de distúrbios, é possível formar um tipo de laço que os pais têm estado almejando.



Ana Beatriz - Arquivo pessoal
O que acontece é que se esperava uma coisa que era extremamente importante e desejada com grande contentamento e excitação, e talvez, gradualmente, talvez abruptamente, teve-se de reconhecer que a coisa almejada não aconteceu. Nem vai acontecer. Não importa quantas crianças normais você tenha, nada vai mudar o fato de que agora, a criança que você esperava, desejada, planejada e sonhada, não chegou .

É parecido com a experiência parental de ter, por pouco tempo, uma criança recém-nascida e esta morrer logo na infância.

 Não se trata de Autismo, mas de expectativas cortadas. Sugiro que o melhor lugar para direcionar estes assuntos não seja as organizações voltadas para o Autismo, mas no aconselhamento das aflições parentais e grupos de apoio. Nesses espaços eles aprendem a dar termo à sua perda - não esquecê-la, mas deixar no passado, onde o luto não bate mais no seu rosto a todo o momento da vida. Aprendem a aceitar que sua criança se foi para sempre e que não voltará mais. O mais importante é que aprendam a não trazer seu luto para as crianças que vivem. Isto é de importância fundamental, quando estas crianças chegam ao mesmo tempo em que a outra está sendo lamentada pela sua morte.


Fernando -  Arquivo pessoal

Não se perde uma criança para o Autismo. Perde-se uma criança porque a que se esperou nunca chegou a existir. Isso não é culpa da criança autista que, realmente, existe e não deve ser o nosso fardo.

Nós precisamos e merecemos famílias que possam nos ver e valorizar por nós mesmos, e não famílias que têm uma visão obscurecida sobre nós por fantasmas de uma criança que nunca viveu.

Chore por seus próprios sonhos perdidos se você precisa. Mas não chore por nós. Estamos vivos. Somos reais. Estamos aqui esperando por  você .

É o que acho sobre como as sociedades sobre autismo devem ser: sem lamentações sobre o que nunca houve, mas deve haver explorações sobre o que é. Precisamos de você. Precisamos de sua ajuda e entendimento. Seu mundo não está muito aberto para nós e não conseguiremos se não tivermos um forte apoio.


Wendel -  Arquivo pessoal
Sim, o que vem com o Autismo é uma tragédia: não pelo que somos, mas pelas coisas que acontecem conosco. Fique triste com isso se quiser ficar triste com alguma coisa! Melhor que ficar triste com isso é ficar louco com isso - e então faça alguma coisa. A tragédia não é porque estamos aqui, mas porque o seu mundo não tem lugar para que nós existamos.

Como pode ser de outra forma,               se nossos próprios pais ainda se lamentam por nos terem trazido para este mundo ?

Olhe, alguma vez, para o seu filho autista e tire um momento para dizer para si mesmo quem aquela criança não é.

Sarah - Arquivo pessoal

Pense: "Essa não é a criança que esperei e planejei. Não é aquela que fiz todos aqueles planos e dividi todas aquelas experiências. Aquela criança nunca veio. Não é esta criança". Então vá fazer do seu luto, não importa o que - e comece a aprender a deixar as coisas acontecerem.

Depois que você começar a deixar as coisas acontecerem, volte e olhe para o seu filho autista novamente: "Esta criança não é a que eu esperava e planejava. É uma criança alienígena que caiu em minha vida por acidente. Não sei o que é essa criança ou o que vai ser. Mas sei que é uma criança naufragada num mundo estranho, sem pais com formas próprias de cuidado. Precisa de alguém com cuidados para isso, para ensinar, para interpretar e para defender. E devido a essa criança alienígena cair na minha vida, esse trabalho é meu, se eu quiser”.


João Luiz e Pedagoga Solange Oliveira  - Arquivo pessoal

Se esta busca te excita, então nos acompanhe, na resistência e na determinação, na esperança e na alegria. A aventura de uma vida está toda diante de você.

JIM SINCLAIR.
Sobre o autor:
Jim Sinclair foi diagnosticado com autismo, atualmente, é um ativista dos direitos de pessoas com autismo.  Nasceu em dezembro de 1961, no Texas, EUA. Tem formação universitária em psicologia e é especialista em desenvolvimento infantil e processos de reabilitação. Na década de 90, participou da criação de um dos primeiros grupos formados por autistas, a Autism Network International (ani.autistics.org). O discurso acima foi dirigido especialmente aos pais, na Conferência Internacional de Autismo, em Toronto.
 






quarta-feira, 9 de julho de 2014

Autismo e acomodação sensorial


Fonte: johannaterapeutaocupacional.blogspot

O desenvolvimento humano carece de um processamento adequado das informações que nos chegam através dos sentidos (tato, olfato, visão, audição, paladar, sistema vestibular e proprioceptivo). A integração dos múltiplos sentidos nos permite uma representação coerente do mundo, de modo sistemático e organizado.

Pessoas que se encontram dentro do espectro autista apresentam algum tipo de desconforto ou transtorno sensorial, em menor ou maior grau. O que em cada sujeito vai se manifestar de um modo particular. Conhecer esse aspecto do transtorno nos permitirá usar as estratégias adequadas de modo a promover, além do bem estar, o desenvolvimento e a aprendizagem de crianças com autismo.

“Algumas crianças são hipersensíveis quanto à recepção de informações sensoriais. Por exemplo, crianças relatam serem capazes de ouvir conversas ou o som de móveis sendo arrastados em outros prédios. Outras crianças são tão sensíveis ao estímulo táctil (toque) que não toleram a sensação da etiqueta em suas camisetas. Por outro lado, algumas crianças aparentam ser hipossensíveis a estímulos sensoriais, ou seja, são pouco sensíveis e necessitam de uma maior intensidade de estímulo para que este seja percebido. Como exemplo, algumas crianças buscam a sensação de intensa pressão ao serem massageadas ou ao serem firmemente enroladas em pesados cobertores. Pesquisadores com Judith Bluestone (Instituto HANDLE, em Seattle, EUA), apontam para a possibilidade da hiposensibilidade ser na verdade uma hipersensibilidade ao extremo, o que levaria a pessoa a bloquear totalmente uma determinada sensação.”(http://www.inspiradospeloautismo.com.br/o-que-e-autismo/integracao-sensorial-para-autismo)

Fonte: http://johannaterapeutaocupacional.blogspot.com.br/2010/10/processamento-sensorial.html



TÉCNICAS DE ACOMODAÇÃO SENSORIAL ÚTEIS PARA O DIA-A-DIA


          Acomodação proprioceptiva - Ofereça lugares pequenos e aconchegantes para a criança como casinhas de boneca, cabanas, ou até mesmo caixas grandes. Um cantinho cheio de almofadas, um puff grande, colchão ou foutton também servem. 

Use coletes pesados, cobertores pesados, cobertas mais pesadas para oferecer momentos de tranquilidade e calma.

 Um saco de dormir ajuda a acalmar.  Integre a criança nas atividades pesadas da casa: carregar as compras, colocar o lixo            pra fora, pendurar roupa no varal, guardar roupas, arrumar compras no armário, molhar plantas com um regador pesado.

Acomodação auditiva - Use objetos como tapetes, cortinas e almofadas para absorver o ruído exterior e o eco.  Crianças com ouvidos muito sensíveis devem ter seu quarto posicionado no local mais calmo da casa. Cuidado com sons altos de telefone, campainha, televisão e rádio. 

Acomodação visual - Use cortinas grossas ou blackouts para diminuir a intensidade da luz          natural ou artificial vinda do exterior da casa. Minimize a bagunça visual guardando a maioria dos brinquedos em caixas. Dê atenção especial para a iluminação da casa com quantidade e intensidade adequada. Use abajoures ou luzes refletidas na parede se a iluminação for um grande problema. Pinte as paredes com cores suaves e evite muitos objetos ou quadros. Se a sua criança ao contrário, precisar de muito estímulo, pinte o seu quartos com cores claras e vibrantes e pendure alguns móbiles. Acomodação visual. Tenha um armário específico para os brinquedos e organizados de forma fácil para você e ele.

         Acomodação visual e auditiva - Diminua o estímulo visual e auditivo para prevenir distrações. 
                Acomodação motora - Use timers para sinalizar o início e final de uma atividade.
           
              Acomodação vestibular - Pendure uma rede ou balanço em algum lugar tranquilo da casa ou coloque um balanço no jardim.

             Acomodação vestibular e proprioceptiva - Um colchão d'água ou colchão de ar pode ser tranquilizante.


Outras estratégias para estruturar a rotina diária:

- Use pistas visuais para ajudar no cumprimento de tarefas.

- Use uma agenda ou quadro de tarefas para informar o que vai acontecer a cada dia (com imagens ou foto da própria criança realizando a atividade).

- Quebre a atividade em pequenos passos para facilitar o entendimento e dê tempo para que ela processe a informação.

 Ex: ao invés de dizer: pegue as roupas e coloque no cesto, dê a 1ª ordem e somente depois dela pegar as roupas é que você pede para colocá-las no cesto.

- Estabeleça rotinas e cumpra-as. Isto ajuda a criança a saber o que virá pela frente e a manterá calma. Quando é necessário haver quebra na rotina, avise-a antes e dê as pistas visuais.

- Prepare o dia da escola na noite anterior: separe a roupa, sapatos e lanche com antecedência para poupar tempo e evitar estresse.

- Se a sua criança não atende pelo nome, use o toque para ajudá-la.

- Sempre que possível use pistas visuais para tudo.

- Aprecie a companhia um do outro!!!

Fonte: http://claumarcelino.blogspot.com.br/2011/10/acomodacoes-sensoriais-para-o-ambiente

domingo, 6 de julho de 2014

O poder do elogio e do incentivo na criança

           A experiência escolar para qualquer criança é cercada de muitos desafios. Especialmente para as que convivem com limitações, sejam elas neuromotoras, físicas, sensoriais, neurobiológicas ou de natureza comportamental. 


Aula passeio no Teatro Amazonas/2013
          Crianças com TEA (transtorno do espectro autista) são crianças que também necessitam de encorajamento. No trabalho clínico realizado com estas crianças é visível como o encorajamento tem o poder de alavancar o seu desenvolvimento. 

          Toda a atividade que a criança consegue completar é comemorada, com palmas ou elogios ao seu desempenho. Percebemos que este gesto deixa as crianças mais autoconfiantes. Estas passam a acreditar mais em suas capacidades e sentem-se mais dispostas a iniciar qualquer atividade, porque se sentem seguras de si.

Aula passeio: uma aula diferente e prazerosa
          Por outro lado, precisamos ter consciência do poder de nossas atitudes. Nossas crianças percebem quando acreditamos em suas capacidades; isso lhes dá segurança para tentar. Pois sabem que contarão com nosso apoio e afeto. 

          Educar crianças exige sensibilidade, paciência e persistência.

Ser crianças é ser feliz

          Muitos educadores desistem logo no início. Não se sentem desafiados a tentar de outra forma; e quantas vezes forem necessárias. Se uma estratégia não está dando certo, precisamos repensá-las. Como também, outras formas de estimular nossas crianças devem ser testadas. Às vezes, são nessas tentativas e na pesquisa, que encontramos a resposta. A nossa persistência irá contaminá-las. Elas perceberão que vale a pena continuar insistindo.

          Tenho na clínica um pote com confeitos coloridos e os utilizo, também, para encorajar as crianças e parabenizá-las pelo esforço. Eles são em formato de coração. E, sempre que concluem toda a atividade recebem um ou mais, e ficam muito satisfeitas e felizes. É fato que existem as que não gostam, mas só de saber que o mereceram ficam bastante felizes.

Ensina a criança no caminho em que deve andar e jamais se desviará dele.
           
          No trabalho diário, seja na clínica ou na escola, não estamos apenas encorajando nossas crianças a melhorar o desempenho escolar. Estamos ao mesmo tempo incutindo-lhes valores e princípios que farão parte de sua personalidade. É possível que haja mais acréscimos e ganhos em termos emocionais do que, propriamente, cognitivos. O que podemos mensurar pela mudança de comportamento, a partir da aquisição de valores éticos e morais. Um aspecto que considero o mais relevante de todos.  Pois os prepara para a vida e os desafios que esta esconde.

Na criança reside o germe da humanidade.

          Sabemos da violência que ainda existe no ambiente escolar e que se manifesta através do bullying. Nossas crianças com deficiência são, na maioria das escolas, vítimas deste mal. Possivelmente, se nos preocupássemos mais com a formação dos valores morais no sujeito, veríamos surgir um ambiente mais acolhedor e tolerante para todos.
           
        Portanto, incentivar e encorajar atitudes éticas e morais são de extrema relevância, se pretendemos construir, através da educação, uma sociedade mais humana e solidária.

Sobre pesquisa realizada a respeito do poder do elogio basta acessar em: .http://www.justrealmoms.com.br/elogie-seu-filho-do-jeito-certo/

Uma ótima leitura,
Beijos!!!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Autismo e intervenção pedagógica especializada - O X da questão



          O desenvolvimento humano é um processo contínuo. Tem início no nascimento e se prolonga por toda a vida. Um processo que nem sempre é linear e ocorre em vários campos da existência humana, ou seja, nos campos: afetivo, social, cognitivo e motor. 

Contação de história no powerpoint - EAMAAR/Manaus - AM

          Destacando que tal processo não é meramente biológico, mas, sobretudo, social e histórico. Já que o ambiente cultural no qual está inserido o sujeito é fortemente decisivo no percurso do seu desenvolvimento. Em crianças que apresentam o TEA (transtorno do espectro autista) a influência do ambiente social determinará o êxito no desenvolvimento de suas habilidades e competências, dependendo da qualidade das intervenções realizadas, tanto no espaço clínico quanto institucional e doméstico.


Estímulo visando a aquisição da linguagem escrita

           Tendo em vista as perturbações causadas pelo autismo, crianças com TEA apresentarão peculiaridades em seu desenvolvimento fugindo aos padrões e características de desenvolvimento identificadas em crianças que não apresentam o transtorno. 

             Crianças com autismo podem apresentar mutismo, ou seja, ausência de fala, embora sejam capazes de escutar e se expressar de outras formas. Podem apresentar, também, atraso no desenvolvimento motor. Como também, podem inicialmente desenvolver a fala e por razões desconhecidas deixam de falar, subitamente. Algumas apresentam um desenvolvimento motor atípico. Desenvolvendo estereotipias, como andar nas pontas dos pés, rodopiar, balançar as mãos, pular, balançar o tronco, há os que se fixam em objetos giratórios. Movimentos que, provavelmente, produzem um alívio gerado por algum tipo de desconforto.


Desenvolvimento da coordenação motora e letra cursiva

        O intervenção pedagógica especializada levará em conta aquelas características que de alguma forma podem afetar o processo de aprendizagem do sujeito com autismo, assim como, o seu desenvolvimento global. 

      Para tanto, as intervenções deverão priorizar a melhora do conjunto de sintomas do autismo, considerando as áreas afetadas, tais como a comunicação, linguagem e interação; sabendo-se que tais dificuldades interferem, significativamente, no desempenho global do sujeito.

Estimulando o desenvolvimento das percepções e atenção.

          Outro aspecto importante refere-se à investimentos na melhora da capacidade de interação social. De modo que a criança com autismo deve ser, constantemente, estimulada a interagir, de modo a estabelecer com seus pares trocas sociais e afetivas. No entanto, jamais de forma forçada. E, considerando, sempre, aquilo que desperta seu interesse e a mobiliza afetivamente.

           O processo de inclusão educacional deve, portanto, considerar a importância do engajamento destas crianças no ambiente escolar, envolvendo-a na dinâmica educativa, evitando-se com isso a segregação e o isolamento social. 


Desenvolvendo o senso estético e a motricidade.

         A oferta de estímulos deve considerar os interesses e até certas fixações por determinadas atividades e/ou objetos, como ponto de partida para o desenvolvimento de sua aprendizagem. Sendo que, gradativamente, deve-se buscar ampliar o seu leque de interesses, de modo a enriquecer suas experiências, promovendo o desenvolvimento de novas competências e habilidades. 

            Lembrando sempre, que estas crianças necessitam de uma rotina pedagógica e doméstica bem estruturada e previsível. Com objetivos claros e bem definidos. Sempre na perspectiva de promover ao máximo o seu engajamento social e afetivo, tendo em vista o seu desenvolvimento pleno, apesar de suas limitações. 

           Não há como separar no comportamento do ser humano os aspectos emocionais dos cognitivos.  A emoção é o fator energético, o impulso que determina porque fazer algo.  É o que dá sentido à ação. A cognição nos dá as ferramentas.  Neste sentido, todo investimento deverá ser feito de modo a garantir que nossas crianças e adolescentes sintam-se seguras e acolhidas, e, assim, emocionalmente aptas para a aprendizagem, de modo que se possa garantir o pleno desenvolvimento de suas competências afetivas, sociais e acadêmicas. Sem esquecer que o objetivo primordial da Educação é o desenvolvimento da autonomia do sujeito, sua independência e cidadania.