terça-feira, 24 de junho de 2014

Autismo e intervenção pedagógica especializada - O X da questão



          O desenvolvimento humano é um processo contínuo. Tem início no nascimento e se prolonga por toda a vida. Um processo que nem sempre é linear e ocorre em vários campos da existência humana, ou seja, nos campos: afetivo, social, cognitivo e motor. 

Contação de história no powerpoint - EAMAAR/Manaus - AM

          Destacando que tal processo não é meramente biológico, mas, sobretudo, social e histórico. Já que o ambiente cultural no qual está inserido o sujeito é fortemente decisivo no percurso do seu desenvolvimento. Em crianças que apresentam o TEA (transtorno do espectro autista) a influência do ambiente social determinará o êxito no desenvolvimento de suas habilidades e competências, dependendo da qualidade das intervenções realizadas, tanto no espaço clínico quanto institucional e doméstico.


Estímulo visando a aquisição da linguagem escrita

           Tendo em vista as perturbações causadas pelo autismo, crianças com TEA apresentarão peculiaridades em seu desenvolvimento fugindo aos padrões e características de desenvolvimento identificadas em crianças que não apresentam o transtorno. 

             Crianças com autismo podem apresentar mutismo, ou seja, ausência de fala, embora sejam capazes de escutar e se expressar de outras formas. Podem apresentar, também, atraso no desenvolvimento motor. Como também, podem inicialmente desenvolver a fala e por razões desconhecidas deixam de falar, subitamente. Algumas apresentam um desenvolvimento motor atípico. Desenvolvendo estereotipias, como andar nas pontas dos pés, rodopiar, balançar as mãos, pular, balançar o tronco, há os que se fixam em objetos giratórios. Movimentos que, provavelmente, produzem um alívio gerado por algum tipo de desconforto.


Desenvolvimento da coordenação motora e letra cursiva

        O intervenção pedagógica especializada levará em conta aquelas características que de alguma forma podem afetar o processo de aprendizagem do sujeito com autismo, assim como, o seu desenvolvimento global. 

      Para tanto, as intervenções deverão priorizar a melhora do conjunto de sintomas do autismo, considerando as áreas afetadas, tais como a comunicação, linguagem e interação; sabendo-se que tais dificuldades interferem, significativamente, no desempenho global do sujeito.

Estimulando o desenvolvimento das percepções e atenção.

          Outro aspecto importante refere-se à investimentos na melhora da capacidade de interação social. De modo que a criança com autismo deve ser, constantemente, estimulada a interagir, de modo a estabelecer com seus pares trocas sociais e afetivas. No entanto, jamais de forma forçada. E, considerando, sempre, aquilo que desperta seu interesse e a mobiliza afetivamente.

           O processo de inclusão educacional deve, portanto, considerar a importância do engajamento destas crianças no ambiente escolar, envolvendo-a na dinâmica educativa, evitando-se com isso a segregação e o isolamento social. 


Desenvolvendo o senso estético e a motricidade.

         A oferta de estímulos deve considerar os interesses e até certas fixações por determinadas atividades e/ou objetos, como ponto de partida para o desenvolvimento de sua aprendizagem. Sendo que, gradativamente, deve-se buscar ampliar o seu leque de interesses, de modo a enriquecer suas experiências, promovendo o desenvolvimento de novas competências e habilidades. 

            Lembrando sempre, que estas crianças necessitam de uma rotina pedagógica e doméstica bem estruturada e previsível. Com objetivos claros e bem definidos. Sempre na perspectiva de promover ao máximo o seu engajamento social e afetivo, tendo em vista o seu desenvolvimento pleno, apesar de suas limitações. 

           Não há como separar no comportamento do ser humano os aspectos emocionais dos cognitivos.  A emoção é o fator energético, o impulso que determina porque fazer algo.  É o que dá sentido à ação. A cognição nos dá as ferramentas.  Neste sentido, todo investimento deverá ser feito de modo a garantir que nossas crianças e adolescentes sintam-se seguras e acolhidas, e, assim, emocionalmente aptas para a aprendizagem, de modo que se possa garantir o pleno desenvolvimento de suas competências afetivas, sociais e acadêmicas. Sem esquecer que o objetivo primordial da Educação é o desenvolvimento da autonomia do sujeito, sua independência e cidadania.



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