Atualmente, um dos aspectos que considero mais polêmico no que se refere ao Autismo são as questões relacionadas ao seu diagnóstico. Sabemos que pelo fato de não existirem marcadores biológicos, o diagnóstico é clinico e se baseia na observação do comportamento, aliado ao histórico familiar.
A atual referência para o diagnóstico é o DSM V, que destaca dois critérios básicos para o diagnóstico:
1) Déficits na comunicação e interação social;
2) Atividades e comportamentos restritos e repetitivos;
E, de acordo com a literatura, esse diagnóstico deve ser realizado por uma Equipe Multidisciplinar.
No entanto, é justamente aqui que se iniciam as polêmicas. Considerando que muitos profissionais estão diagnosticando, apressadamente, num curto espaço de tempo, crianças e adolescentes, de modo equivocado. Baseando-se, muitas vezes, apenas, na queixa apresentada pelos pais, sem considerar a opinião de outros profissionais que também as atendem, em particular, pedagogos e psicopedagogos.
Como resultado deste equívoco, crianças que não apresentam as características acima, estão sendo diagnosticadas com Autismo, em muitos casos, quando apresentam sinais de outros transtornos e/ou deficiências. Tendo, assim, suas vidas afetadas, considerando que estão deixando de receber o atendimento especializado do qual necessitam para se desenvolver de modo adequado, assim como, o suporte técnico e a atenção devida.
Alguns médicos pediatras, não se sabe se por falta de especialização, não são capazes de identificar os sinais que apontam para uma determinada deficiência, de modo que, precocemente, as crianças possam ser assistidas no que se refere ao atendimento de suas demandas.
A capacidade e a qualificação daqueles que trabalham no atendimento à pessoas com autismo e outras deficiências, resulta de muita convivência e empatia com este público. É mister desenvolver a sensibilidade do olhar e do sentir. É preciso não ser indiferente.
É preciso, fundamentalmente, desenvolver a humildade para reconhecer suas próprias limitações, no sentindo de buscar conhecer mais sobre o assunto e estar aberto a um diálogo com profissionais que atuam em outras áreas, para que possamos buscar juntos respostas para as questões que nos inquietam e que, ainda, são para nós um enigma.
À medida que aumenta o compromisso com
este público no sentido de lhes oferecer através do atendimento de suas
demandas uma qualidade de vida melhor, estaremos mais aptos a fazer por
eles o que deve ser feito de modo a lhes garantir o direito à vida e a
dignidade humana.
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