domingo, 19 de julho de 2015

Autismo e Educação: Oficina de material pedagógico

   Todos sabem, e as pesquisas não mentem, quanto mais os pais forem engajados na educação de seus filhos, melhores serão os resultados. Infelizmente, não existe uma escola para preparar pais de primeira viagem. O que é lamentável.

Oficina de material pedagógico/EAMAAR 

     Nenhum pai ou mãe foi preparado para exercer essa missão. Como diz o poeta, o caminho se faz caminhando. E, assim, aos tropeços, tentando acertar, muitos pais buscam oferecer a melhor educação aos filhos.

     Em se tratando de pais de crianças com autismo, o desafio é um tanto maior, já que para crianças neurotípicas existem os modelos e uma vasta literatura. Daí a relevância de cursos, palestras e oficinas que objetivam oferecer aos pais de crianças com TEA, ferramentas tanto teóricas quanto práticas que possam auxiliá-los nesta tão desafiadora e nobre tarefa. 


Oficina de material pedagógico/EAMAAR

     Temple Grandin falou, certa vez, que crianças com autismo necessitam de pelo menos 20 horas semanais de ensino individualizado. Ela não falou 20 horas de terapias. Enfatizo isso, porque tenho visto muitos pais em busca desesperada por terapias, depositando nestas todas as sua fichas. As terapias são importantes, no entanto, a intervenção familiar orientada é fundamental e indispensável. Por um simples motivo: Com quem a criança passa a maior parte do tempo?

Oficina de Material Pedagógico/EAMAAR

    Nossa experiência vem demonstrando que pais engajados no tratamento de seus filhos, quando bem orientados, estão proporcionando às suas crianças uma evolução significativa. De nada adianta levar à terapia e não seguir as orientações dos profissionais que atendem à criança. De nada adianta levar à terapia e não participar das palestras, oficinas e encontros destinados a qualificar os pais, de modo que possam realizar intervenções que promovam o desenvolvimento de suas crianças, de forma contínua.

Oficina de material pedagógico/EAMAAR

      A criança é produto do meio, no qual  todos devem assumir a responsabilidade por sua educação e desenvolvimento, apesar das limitações que venham a apresentar, sejam de que natureza forem.

     Fico muito feliz quando escuto dos pais o relato sobre as mudanças positivas no comportamento de suas crianças. Como é bom ver o brilho em seus olhos e a certeza de que todo o investimento trará, no tempo certo, seus frutos. 

Oficina de Material Pedagógico/EAMAAR

    Muitas vezes é difícil como terapeuta, lidar com a ansiedade e angústia dos pais. Isto certamente não repercute bem junto às crianças. Precisamos de pais mais relaxados e tranquilos. Não podemos precisar o tempo em que os objetivo serão alcançados. Precisamos somente, continuar o nosso trabalho e persistir, com leveza e alegria. É disso que nossas crianças com TEA necessitam: LEVEZA e ALEGRIA.

Palestra: Autismo e Educação no Colégio La Salle/Manaus


terça-feira, 14 de julho de 2015

TERAPIA ASSISTIDA COM ANIMAIS (TAA)

Fonte: http://peloproximo.blogspot.com.br/
      Certamente, o registro mais antigo que se tem sobre terapias realizadas com animais data de 400 a.C. quando Hipócrates, médico grego, considerado pai da medicina, acreditava que cavalgar trazia benefícios neurológicos. Hoje sabemos que o movimento do cavalo que se assemelha ao caminhar humano estimula o desenvolvimento motor de quem cavalga.

     Em 1792, a terapia assistida com animais é utilizada num hospital psiquiátrico na Inglaterra, no tratamento de pacientes com transtornos mentais. A partir do século 20, aprofundam-se as pesquisas e aumenta o interesse sobre o assunto em razão da maior importância dada aos aspectos psicológicos e sociais das enfermidades, considerando-se fatores externos e internos, assim como a condição de vida para o bem-estar dos indivíduos.

Fonte: psicologiaacessível.net

     No Brasil a pioneira foi a psiquiatra Junguiana Nise da Silveira  que utilizou a TAA (terapia assistida com animais) em pacientes com esquizofrenia, no Rio de Janeiro, após perceber em seus pacientes uma vinculação positiva e espontânea com os animais. Nise considerava os cães co-terapeutas não invasivos, por serem “um ponto de referência estável no mundo externo”. 

    O psicólogo Boris Levinson, na década de 60, realizou estudos sobre o assunto e aplicou em seu consultório a pet terapia, constatando melhora no desenvolvimento das crianças após a intervenção com o animal de estimação.

     A TAA tem sido eficaz para diferentes deficiências e problemas de desenvolvimento, como paralisia cerebral, desordens neurológicas, ortopédicas e posturais; comprometimentos mentais como Síndrome de Down, ou sociais, como os distúrbios de comportamento: autismo, esquizofrenia e psicoses; comprometimentos emocionais, deficiência visual e/ou auditiva, distúrbio de atenção, de aprendizagem, de percepção, de comunicação e de linguagem, de hiperatividade, além de problemas com insônia e estresse. (DOTTI, 2005)

Fonte: Patas Therapeutas

     
       A terapia assistida com animais vem comprovando sua importância e eficácia na melhoria da saúde física, psicológica, emocional, coordenação motora, atenção e memória dos assistidos, além de melhora nos batimentos cardíacos, pressão arterial e liberação dos hormônios relacionados ao prazer e bem-estar.






            
    Para saber mais:
 Tese de mestrado: "Terapia assistida por animais(TAA) e Deficiência mental: Análise do         desenvolvimento psicomotor"  thttp://livros01.livrosgratis.com.br/cp144972.pdf
   Dotti, J. (2005). Terapia & Animais. São Paulo: PC Editorial.



sexta-feira, 10 de julho de 2015

AUTISMO E A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA

    Quando criança, posso dizer que o meu mundo ia além dos muros da minha casa e se estendia por toda a vizinhança.
   E, tenho certeza, que para muitos da minha geração a realidade foi a mesma. Subir em árvores e comer fruta no pé, possivelmente, foi para mim uma das mais marcantes experiências.
    Pular corda, brincar de "queimada", futebol com os meninos e bolinha (usando caroço de tucumã, fruta típica da região norte do Brasil) foram igualmente prazerosos e, na base destas brincadeiras infantis, certamente, meu caráter foi moldado. Lembro do dia em que minha mãe chegou pra mim e disse: "de hoje em diante você vai aprender a cozinhar" e, apesar de fazer comida ser algo que me dá muito prazer, lembro que ao me ver na cozinha, enquanto meus colegas brincavam naquele domingo de sol, causou-me uma ponta de inveja e tristeza. 
     Isso tudo, pra dizer que a hiperatividade tão condenada, hoje, por nossa sociedade, faz parte da essência infantil. Não fui medicada pelo meu excesso de hiperatividade motora (lembrando que o Tdah está relacionado a hiperatividade mental), porque, naquela época, curava-se os excessos com palmadas. Hoje, graças a Deus evoluímos, neste aspecto. O fato é que crianças agitadas sempre existiram. E, essa agitação deveria ser vista como algo saudável e não como transtorno ou doença. A necessidade de controlar o comportamento infantil é que deveria ser visto como patológico.

      Hoje, o que muitos desejam é que nossas crianças sejam "comportadas" e obedientes. Um conceito que precisa ser revisado com cautela.  Precisamos parar e refletir sobre as consequências de se buscar moldar o comportamento humano pela via da medicalização. Abaixo, a opinião de Carly, uma jovem autista, sobre esse tema. Boa leitura!


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                      Drogas são sempre a solução? Não! 
    Se o seu filho típico ou criança com necessidades especiais se comporta mal em sala de aula ou em casa, o que você faz? Bem, a maioria das pessoas na América do Norte vai logo ao seu médico de confiança e inicia medicação em seus filhos.
    Prescrições para alguns dos medicamentos psiquiátricos mais potentes no mercado – os chamados antipsicóticos de “segunda geração”, ou ASGs – para jovens de 18 e abaixo aumentou 18 vezes só na British Columbia (Canadá) entre 1996 e 2011, segundo um novo estudo, representando um dos maiores aumentos nas prescrições para meninos de até seis anos. As crianças estão sendo colocadas em drogas potentes para uma ampla gama de diagnósticos não aprovados pelo Ministério da saúde do Canadá, dizem os pesquisadores.
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   Eu sei o que a maioria de vocês estão pensando! Se os médicos prescreveram a medicação isso significa que a criança precisa! Mas muitos médicos não são capazes ou não estão aptos/treinados nem para diagnosticar o que há de errado com a criança. Daí um monte de drogas que só deveriam ser  prescritas para pessoas acima de 18 anos passam a ser prescritas a crianças com idade inferior. Então, por que nós, como sociedade aceitamos isso? É realmente bom para uma criança de apenas seis anos tomar antidepressivos? Como pode o médico receitar um medicamento cuja droga nunca foi testada para a função/diagnóstico a que se destina? Isto está acontecendo em toda a América do Norte e em outras partes do mundo. Será que devemos realmente aceitar isso como normal na sociedade?
     Até 2011, os antipsicóticos de segunda geração responderam por 96% de todas as prescrições de antipsicóticos para a infância/juventude, segundo os relatórios da equipe. Os medicamentos mais prescritos foram risperidona, quetiapina e olanzapina.

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    O maior aumento foi entre os meninos com idades entre 13 a 18 anos, onde a taxa subiu mais de quatro vezes. Mas aumentos semelhantes foram observados em meninos com idades entre 6 e 12 anos, bem como de 13 a 18 anos de idade para meninas.
   No geral, o número total de crianças menores de 18 anos que receberam uma prescrição de antipsicóticos aumentou para 5.791 durante o ano de 2011, em comparação a 1.583 em 1996 – um salto de quase quatro vezes! Mas o número total de jovens que (neste mesmo período, presumo), especificamente, recebeu um SGA aumentou para 5.432 comparado a 315 durante os anos escolares. Isso traduz-se num aumento de 18 vezes na média geral de prescrições.


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    Meu professor de Inglês me disse que um dos melhores cursos para estudar na universidade é sobre zumbis!! Isso me fez pensar para o que estamos criando nossos filhos nestes dias? Nós não somos capazes de lidar com eles, então qual é a solução? Colocá-los em uso de medicação! As empresas farmacêuticas e os médicos não deveriam permitir que isso acontecesse. Nós, como sociedade, não devemos permitir que isso aconteça. A medicação tem o seu lugar na sociedade, mas não deve ser o pilar de apoio e definitivamente não deve ser usado como uma solução rápida para acalmar os nossos filhos. É o momento que todos nós nos levantarmos e dizermos que vamos chegar à raiz dos problemas dos nossos filhos. Não vamos confiar em algo que pode afetar a saúde dos nossos filhos no futuro. Vamos superar todos os problemas que venham a afetar nossos filhos.
    Eu tenho a sorte de ter pais que acreditaram em mim e que fizeram tudo em seu alcance para que eu tivesse todo o suporte de que necessitava. Sei que muitos pais se sentem da mesma maneira e é hora de todo mundo se levantar e apoiar o fato de que as drogas não são a resposta para todos os problemas.
“Para se ouvir a voz de uma criança há de se percorrer um longo caminho”.
Carly Fleischmann

Fonte: poderdospais.wordpress.com/2013/06/10/carly-autista-fala-sobre-uso-de-medicacao-controlada-traducao-livre-evellyn-diniz/

quarta-feira, 8 de julho de 2015

CRIANÇA NÃO É LIXO!

     Essa imagem, acredito, causou muita indignação e desconforto a todos. É inconcebível que os gestores públicos continuem a tratar a infância com absoluta falta de prioridade. Onde os direitos fundamentais são negligenciados, expondo nossas crianças a toda espécie de tratamento desumano e desrespeitoso,

     Não é possível ficarmos em silêncio. Não podemos ser tolerantes com o descaso com a infância. Ou estaremos sendo omissos, também.

     Somente após as imagens serem mostradas nas redes sociais pelos parentes das crianças é que o gestor público equipou o hospital com mantas térmicas e incubadoras.

Para saber mais  http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/07/bebes-prematuros-sao-transferidos-de-hospital-enrolados-em-saco-de-lixo.html


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sinais de alerta para atrasos no desenvolvimento físico e motor


     Confira a seguir uma lista de sinais de preocupação para atrasos no desenvolvimento da parte motora da criança. É importante ter em mente que cada criança se desenvolve em um ritmo diferente. Crianças que nascem prematuras normalmente demoram mais para se desenvolver, principalmente aquelas nascidas com peso abaixo de 1,5 quilo.


     Confie nos seus instintos e não tenha medo de fazer perguntas ao médico. Se tem alguma coisa preocupando você em relação às habilidades físicas do seu filho, não deixe de comentar com o pediatra na primeira consulta de rotina.  

Arquivo pessoal

     
       Aos 3 meses

  • ·         Não firma o pescoço quando você o pega no colo, a partir da posição deitada de barriga para cima.
  • ·         Quando de barriga para baixo (sempre sob a vigilância dos pais) não esboça movimento de levantar a cabeça.
  • ·         Ainda parece muito molinho, ou, ao contrário, parece sempre estar com os músculos muito tensos.
  • ·         Quando você o ergue pelo tronco, cruza ou endurece as perninhas.

      Aos 4 meses
  • ·         Não tenta pegar brinquedos nem segurar objetos;
  • ·         Não tem um bom controle da cabeça;         
  • ·         Não leva objetos à boca;
  • ·         Não faz força para esticar as pernas quando os pés encostam numa superfície firme;
  • ·         Ainda leva os "sustos" típicos do recém-nascido, no movimento chamado reflexo de Moro, abrindo os braços e as pernas simetricamente e começando a chorar.

Arquivo pessoal

      Aos 6 meses
  • ·         Quando quer alguma coisa, estica só uma das mãos, mantendo a outra fechada;
  • ·         Não vira de bruços ou de barriga sozinho.


     Aos 7 meses
  • ·         Não consegue sustentar bem a cabeça quando colocado na posição sentada;               
  • ·         Não consegue colocar objetos na boca;
  • ·         Não estica o braço para tentar pegar as coisas;
  • ·         Não apoia pelo menos um pouco do peso do corpo nas pernas.


        Aos 9 meses
  • ·                      Não consegue ficar sentada sem apoio.
        Com 1 ano

  • ·         Não engatinha nem tenta se locomover, seja se arrastando, rolando ou andando;
  • ·         Não fica de pé se apoiando em alguma coisa.

Arquivo pessoal  

      Com 1 ano e meio
  • ·                         Não anda.
       Com 2 anos
  • ·          Depois de vários meses andando, ainda não anda com firmeza, ou anda sempre na ponta dos pés.
  • ·         Depois do segundo aniversário, cresce menos que 5 cm por ano.

      Com 3 anos
  • ·         Cai com frequência ou não consegue subir e descer escadas;
  • ·         Está sempre babando;
  • ·         Não consegue manipular objetos pequenos (fazendo o "movimento de pinça" entre o dedão e o polegar);
        Ter um desses sinais não necessariamente significa que a criança tenha um problema, mas que será preciso uma avaliação mais cuidadosa por parte do pediatra. 

domingo, 5 de julho de 2015

AUTISMO - GUIA PRÁTICO

     A verdade é que ninguém ao nascer, traz consigo um manual. Não há para os filhos neurotípicos e, tão pouco, para os que não o são.

   É no dia-a-dia, acumulando experiências, informações e novos aprendizados, que vamos construindo conhecimentos sobre estes últimos, mas, também, sobre os primeiros. Ambos são, na linguagem popular uma "caixinha de surpresas", pois não existe um padrão entre os filhos provenientes do mesmo ventre.  Como também não há entre crianças com TEA. Cada uma é uma, única e singular.

      No entanto, para os pais de crianças com Autismo, a sensação é de caos no início e as vezes se prolonga por toda a vida, quanto menor a capacidade de se adaptar e  se ajustar a uma nova realidade. Sabemos que poucos conseguem lidar com essa experiência de um modo satisfatório e equilibrado. Há muitas perguntas e poucas respostas, como também, poucas pessoas disponíveis para orientar e acenar com uma luz no final do túnel. Lamentavelmente, esta é a regra,

     Daí a importância de guias como este que objetivam ajudar aos pais a encontrar seu próprio caminho. Oferecendo dicas práticas de como conduzir o tratamento de nossas crianças e educá-las da melhor forma possível, apesar das limitações impostas pelo autismo. 

     Um manual que não se destina somente aos pais, mas, também, a todo profissional que se disponha a atender com qualidade este público infantil, tão carente de acolhimento em nossa sociedade.


          Uma ótima leitura!!!!