terça-feira, 20 de novembro de 2012

Somos todos um só



Certamente se um pesquisador do IBGE batesse a minha porta e em seguida perguntasse qual é a minha raça, ficaria literalmente muda. Pois não saberia definir. Principalmente, considerando a miscigenação de “raças” da qual resultou a formação do nosso povo e, certamente, nossa cultura. Do ponto de vista genético, uma parte significativa da população brasileira tem a África no sangue. Apesar disso, há quem se considere branco ou pardo, mesmo sem avaliar sua árvore genealógica.

Foi provado recentemente, não existir embasamento científico, do ponto de vista biológico, que justifique a existência de raças na espécie humana, já que as diferenças são insignificantes. Ou seja, somos todos de uma mesma raça: a raça humana. Portanto, voltando a pesquisa do IBGE, marque a opção: Raça humana.

Na tentativa de subjugar determinadas raças, o ser humano, buscou, historicamente, e de forma inescrupulosa, comprovar a inferioridade de determinados povos, o que gerou uma violência irracional que afetou, durante longo período, tanto negros quanto judeus.

Lamentavelmente, após alguns séculos, o preconceito persiste como se estivesse em nosso DNA. Tal fato levou a necessidade de se criar Leis que protegessem pessoas consideradas de minorias étnico-raciais. Daí a existência da Lei 10.639/2003, que dentre outras garantias, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. Nas redes oficiais e particulares de ensino, tornou-se obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira. Uma medida mais do que justa e uma maneira de buscar minimizar os efeitos da exclusão social a que foi submetida, historicamente, uma parte significativa da população brasileira.

Que no dia de hoje possamos resgatar a valorosa contribuição do negro para o desenvolvimento do país, no âmbito social, econômico e político.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO INFANTIL: OBEDIÊNCIA X AUTONOMIA


   Para realizar sua tese de doutorado a pedagoga Adriana Maimone Aguillar se debruçou, por quase três anos, no estudo sobre a rotina escolar na Educação Infantil e nos anos iniciais, objetivando analisar como a instituição escolar lida com o corpo das crianças na transição entre essas duas modalidades de ensino. Para tanto, acompanhou neste período de pesquisa, um grupo de crianças, inicialmente na Educação Infantil e,  posteriormente, no ensino regular. Sua intenção foi registrar o modo como as crianças se situam neste espaço, as interações com os seus pares e com os adultos.

    Suas constatações revelam o modo como, na prática, está caracterizada a Educação oferecida ao público infantil. E, lamentavelmente, revela uma realidade marcada por uma rotina caracterizada pelo controle excessivo dos corpos, visando a obediência cega. Com pouco espaço para o exercício da autonomia e espontaneidade.

    Em entrevista à Revista Educação Infantil (no. 02), a pedagoga revela aspectos sobre os quais vale a pena refletir.

    Sua principal hipótese partia da premissa de que o controle sobre os corpos das crianças se tornaria mais intenso a partir do seu ingresso no Ensino Fundamental. No entanto, seus estudos acabaram por revelar: "... percebi que, já na educação infantil existia um controle muito grande sobre a movimentação das crianças, contrariando inclusive as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que preconizam a integração entre as diferentes dimensões envolvidas no desenvolvimento infantil - o cuidado, a socialização e a educação escolar".

    Vale ressaltar que, já na faculdade, cursando uma Especialização em Educação Infantil, chegamos a triste constatação  de que a grande maioria dos profissionais da educação e que atuavam na Educação Infantil, sequer haviam sido apresentados aos parâmetros mencionados acima. O que é inusitado, já que a maioria das escolas receberam, pelo menos um exemplar do documento; e ainda, em tempos de internet, os mesmos se encontram disponíveis para consulta, basta fazer uma busca online.

    Atualmente, a prática pedagógica na Educação Infantil deverá seguir as orientações determinadas pela RESOLUÇÃO Nº 5, de 17 de dezembro de 2009.(portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc)

    A pedagoga relata, em sua pesquisa, que todo o deslocamento realizado pelas crianças, no interior da instituição, faz-se através de filas, demonstrando uma preocupação constante com a disciplina. Tal fato me fez recordar um episódio envolvendo uma turma de crianças do 2o. período em aula-passeio, no zoológico. A professora insistia em manter as crianças enfileiradas, durante o percurso do passeio. O que era difícil, considerando o entusiasmo e a curiosidade das crianças, que corriam para todos os lados, em função da variedade de estímulos, o que, certamente, deixou a professora um pouco frustrada e desorientada com a movimentação e o entusiamo dos pequenos.

    A pedagoga, acrescenta: "O objetivo de manter a ordem, o controle, a fila, o silêncio, tudo isso nos remete realmente às práticas seculares da escola e até dos mosteiros. (...) É difícil afirmar que o mesmo ocorre em todas as escolas, ou na maioria delas, mas podemos arriscar que ainda é forte a presença de uma concepção de ensino que preza a ordem, a fila, a obediência e não se arrisca em formas mais lúdicas, expressivas, criativas, potentes, inusitadas de trabalhar com as crianças".

    Metodologias de ensino pautadas na ludicidade, que respeitam a natureza da crianças e compreendem que estas requerem um modo particular de apropriação da realidade já foram, há muito, proclamadas por teóricos como Montessori, Piaget e Vigotski,  em meados do século passado. A razão pela qual tal inovação não chegou às instituições de ensino, deve-se, possivelmente, a um único fator: deficiência na formação inicial e em processos de formação continuada, que apesar do empenho do governo, não conseguiram libertar o espírito, da maioria dos educadores, do tradicionalismo que caracteriza sua prática pedagógica. 

    Sobre a importância do movimento na Educação Infantil, a educadora destaca: "As crianças são pura intensidade, puro movimento, são moles, flexíveis, mas os adultos, por meio da educação, vão endurecendo estes corpos, impedindo que eles se manifestem em sua expressividade e experimentação. Em contrapartida, a possibilidade de experimentar movimentos, contatos físicos por meio de atividades lúdicas e/ou artísticas favorece a criatividade, a descoberta de si e do outro, além do prazer. Ao conhecer as diversas e infinitas possibilidades de movimentos, posturas corporais e ações, a pessoa cresce, aprende a lidar consigo e com o outro. Abre espaço para o novo em seu próprio corpo,  para  novos conhecimentos. Está mais aberta e com mais ferramentas para simplesmente vivenciar acontecimentos e encontros".

    E,  finaliza: "... se as crianças fossem educadas para se tocarem, se olharem, se misturarem, se embolarem com respeito, com amor, com ternura, com carinho, conhecendo os limites do seu corpo e do corpo do outro... Tudo isso demanda também uma alteração no modo de formar os professores e no modo de a sociedade conceber as relações humanas".

    Como se vê,  as mudanças não são simples, mas, possíveis. Refletir sobre esse processo, tanto no âmbito escolar, quanto familiar, já é um bom começo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

APRENDER BRINCANDO




 A atividade principal da criança é o brincar. Brincar é coisa séria. Considerando que é através desta ação que a criança se apropria do mundo ao redor, assim como, desenvolve competências cognitivas, afetivas, motoras, perceptivas, sociais, dentre outras.
A construção e apropriação de conceitos não se dão no vazio, mas, de forma contextualizada e significativa para a criança. A aprendizagem destes conceitos deve se dar num ambiente estimulante e desafiador, ao mesmo tempo em que prazeroso e envolvente, livre das pressões e cobranças, próprios de ambientes tradicionais de ensino.

Agora aprender ficou mais divertido!
Jogos para a Alfabetização, Séries iniciais e Ensino Fundamental. Vale a pena conferir e jogar na escola ou em casa, acesse http://www.educacaoadventistams.org.br/aprendabrincando/index.html

sábado, 21 de julho de 2012

SOBRE PESSOAS QUE NOS INSPIRAM

            REVENDO NOSSOS CONCEITOS SOBRE DEFICIÊNCIA

Conheça um pouco da história do australiano Nick Vujicic. Um deficiente físico que após superar o drama imposto pela deficiência, conseguiu se reinventar, concentrando-se em suas capacidades, habilidades e talentos. Nick é atualmente um pregador e palestrante motivacional. Os temas de suas palestras falam de deficiência, esperança e o sentido da vida.

“Nicholas James Vujicic (Melbourne, 4 de dezembro de 1982) é um pregador e palestrante motivacional e diretor da Life Without Limbs. Nascido sem pernas e braços devido a rara síndrome Tetra-amelia, Vujicic viveu uma vida de dificuldades e provações ao longo de sua infância. No entanto, ele conseguiu superar essas dificuldades e, aos dezessete anos, iniciou sua própria organização sem fins lucrativos chamada Life Without Limbs (em português: Vida sem Membros). Depois da escola, Vujicic frequentou a faculdade e se formou com uma bidiplomação. Deste ponto em diante, ele começou suas viagens como um palestrante motivacional e sua vida atraiu mais e mais a cobertura da mídia de massa. Atualmente, ele dá palestras regularmente sobre vários assuntos tais como a deficiência, a esperança e o sentido da vida.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Nick_Vujicic


quarta-feira, 4 de julho de 2012

SER DEFICIENTE É FASHION


Em 2011, o Relatório Mundial sobre Deficiência, elaborado pelo OMS (Organização Mundial de Saúde) e Banco Mundial, alertou para o crescimento do número de pessoas afetadas pela deficiência, no mundo inteiro. De acordo com o referido relatório, estima-se que mais de um bilhão de pessoas apresenta alguma forma de deficiência. Algo próximo de 15% da população mundial. Na década de 70, a estimativa girava em torno de 10%.


No Brasil, esse percentual é ainda maior, conforme dados levantados pelo Censo do IBGE, em 2010. Com uma população total de 190.755.799 habitantes, a estimativa é que 23% desse total apresenta algum tipo de deficiência, conforme foi declarado pela população recenseada. Nesse caso seriam  45.623.910 indivíduos afetados pela deficiência.


As razões pelas quais tem aumentado o número de pessoas com deficiência estão relacionadas a muitos fatores, dentre eles: o envelhecimento da população, já que pessoas mais idosas apresentam um maior risco de deficiência, decorrentes de doenças crônicas, tais como, diabetes, doenças cardiovasculares e doenças mentais. Além destes, outros fatores contribuem, como: acidentes automobilísticos, desastres naturais, conflitos, dieta e abuso de drogas. Outros dados  http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/Relatorio_Mundial_SUMARIO_PDF2012.pdf


 Os dados acima mostram que não podemos ficar indiferentes à situação de deficiência em que se encontra uma parcela significativa da sociedade, principalmente no que se refere ao reconhecimento dos seus direitos.


O Prof° Dalmir, na crônica abaixo, revela-nos sinais de uma possível mudança de paradigma em relação à pessoa com deficiência. Uma mudança necessária e que, ao mesmo tempo, retira o manto da invisibilidade que durante séculos esteve sobre esses sujeitos, por isso, hoje, nas palavras do autor: ser deficiente é “fashion”. Uma ótima leitura!!!


SER DEFICIENTE É FASHION


Dalmir Pacheco(*)


De acordo com os especialistas no assunto, e se você notar tem sempre um de plantão, os deficientes (físicos, auditivos, visuais, mentais...) sempre mereceram um tratamento diferenciado da sociedade, ou melhor, do grupo social no qual estavam inseridos. Historicamente, de acordo com os valores econômicos, políticos, culturais e religiosos, os deficientes poderiam ou não fazer parte das preocupações sociais. Assim, foram ao longo da história da humanidade, discriminados, isolados, sacrificados (eram improdutivos), iluminados (possuíam poderes e sensibilidade aguçadas) e mais recentemente, influenciados pelas ideias humanistas, super, hipervalorizados. Sinal dos tempos.


Se durante séculos, o deficiente, regra geral, era um peso e uma vergonha para a família, hoje  o conceito é outro. Então deixa relembrar um pouco minha história de vida, sem pieguice e lamentações. Durante os anos setenta, quando em idade escolar tive de enfrentar o mundo dos normais, senti a dureza de ser deficiente. Não existiam quaisquer tipos de procedimentos oficiais que pudessem facilitar a minha “inclusão” escolar. Enfrentei as escadas, as carteiras inadequadas, os professores despreparados, nem todos, é óbvio. Lembro-me da professora Graça que ficava uma, duas horas esperando eu copiar o “ponto” da lousa, pois não deixava ninguém me ajudar, porém foi bom, assim aprendi que cada qual é responsável pela sua cruz. Vejo hoje que a minha só pesava um pouco mais.


Mas, antes que o leitor comece a chorar, essa não era a maior dificuldade. A situação se complicava quando tinha que frequentar os locais públicos, pois eram olhares e mais olhares que incomodavam, é claro, a mim e, principalmente, a minha mãe, que, na maioria das vezes, perdia a esportiva e partia para cima de quem ficava me fitando, geralmente com aquele “olhar cumprido”, ou como dizia vovô Lifuca, igual a cachorro com fome.


Hoje a coisa mudou. São leis e mais leis garantindo a igualdade e a inclusão social do deficiente. Se vou ao banco, não preciso ficar na fila; se vou à escola, não preciso mais subir escadas, agora tem rampas; se não posso trabalhar, o governo me garante um benefício em forma de salário mínimo; há vagas em concurso público (tem gente com unha encravada pleiteando uma), transporte coletivo grátis, escolas especiais e assim por diante. São conferências, encontros, seminários, todos com a mesma preocupação: Incluir.


Mudaram as pessoas ou os deficientes? Quem lê as linhas anteriores pode até imaginar que não estou gostando. Muito pelo contrário, tenho me sentido, no início desse novo milênio, como se estivesse no paraíso. Tá todo mundo preocupado comigo. É impossível ficar desamparado. São as ONGS, instituições públicas e privadas, empresários (Opa! Será que estão ganhando alguma coisa? Ou será um gesto humanitário com certeza?), instituições religiosas e uma legião enorme de pessoas de bom coração e abençoadas por Deus. Amém. Afinal é tanta gente preocupada com os deficientes que daqui a pouco vai faltar deficiente para cuidar.


Ironicamente, para quem teve que lutar a vida toda para comprovar que era capaz de ser normal, hoje basta possuir o título de incapacidade para ser aceito. Mudaram as pessoas com certeza. E título é o que não falta: durante muito tempo fui aleijado;  a partir dos anos oitenta, deficiente; com a chegada dos anos noventa, portador de necessidades especiais. Agora vivo uma expectativa mortal: como seremos chamados no início desse século?


É dona Otília (minha mãe), as dificuldades agora são menores, mas, valeu o sofrimento, senão não teria o que escrever neste momento. Apesar ter sido sempre especial para meus pais, só agora fui carimbado pela sociedade. É ... Paciência. SER DEFICIENTE HOJE É FASHION.




(*) Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação-UFAM; Mestre em Educação pela FACED-   UFAM, (2008) ; Bacharel em Ciências Sociais(2007) e Licenciado em Geografia (1986), ambos pela Universidade Federal do Amazonas. Exerce desde de 2009 a coordenação do Projeto Curupira, que tem como objetivo Promover a Acessibilidade e Educação Inclusiva nos Campi do IFAM/Manaus.
Contatos para palestra: (92) 3621 – 6736 ou email: dalmirpacheco@gmail.com










terça-feira, 3 de julho de 2012

MATERIAL PEDAGÓGICO FEITO COM SUCATA

          Muitos professores reclamam da falta de material pedagógico nas escolas. No entanto, já visitei muitas escolas públicas e constatei a existência de um acervo de material pedagógico bastante rico. Desde os industrializados até àqueles produzidos com sucata. É isso mesmo, o professor apaixonado pelo seu trabalho,  arregaça as mangas e coloca sua criatividade para funcionar, juntamente com seus alunos. Uma pequena amostra do que é possível realizar com pouco recurso e de forma sustentável:


FANTOCHES

          A EMEF. Cândido Honório, localizada em Manaus,  é um excelente exemplo do poder da criatividade no espaço pedagógico. Seus professores foram capazes de produzir materiais, bastante interessantes, com sucata (copinhos de iogurte, garrafas pets, formas de ovos, etc.). Acima e abaixo, alguns exemplares do que foi produzido.


ANIMAIS

FANTOCHES

BONEQUINHAS

BONEQUINHAS

sexta-feira, 29 de junho de 2012

VIDEOPALESTRA: TEMPLE E O AUTISMO

         Nesta palestra, realizada por Temple, você terá a oportunidade de conhecer alguns aspectos de como funciona a mente de  pessoas com autismo. Temple destaca informações esclarecedoras sobre o modo peculiar de como pessoas com autismo absorvem as informações do mundo exterior, assim como, o modo particular de processá-las:

          "Você tem de fugir da linguagem verbal, eu penso por imagens (...) o cérebro normal ignora os detalhes. Bem, se você está construindo uma ponte, detalhes são muito importantes. Ou, ela cairá se você ignorar os detalhes". (Temple Grandin foi diagnosticada com autismo aos 2 anos de idade).

         Espero que todos nós possamos tirar proveito de suas experiências e orientações, pois, nos ajudarão, certamente, a entender melhor nossas crianças com autismo, oferecendo-lhes as condições ambientais e educacionais necessárias para que possam se desenvolver de forma plena e saudável.
















quarta-feira, 27 de junho de 2012

TEMPLE GRANDIN E O AUTISMO


Uma das principais queixas dos familiares de pessoas com autismo é a falta de informação e orientação sobre a síndrome. Muitos se sentem impotentes diante de uma criança com autismo; por não saberem como agir diante de seu comportamento estereotipado, sua fixação em determinados objetos e as tão indesejáveis “birras”. Para responder a algumas das indagações que cercam o mundo das pessoas envolvidas com o autismo,  considero muito oportuna a leitura do  artigo científico  da Dra. Temple Grandin.

 Nele, dentre outras contribuições, a autora destaca sua trajetória de vida com o autismo, desde a infância até a vida adulta. Temple é conhecida mundialmente por seu trabalho em favor do autismo.

Temple foi diagnosticada com autismo aos 2 anos de idade, em 1950. Na época, pouco conhecimento havia sobre a síndrome. Aos 4 anos começou a falar com a ajuda de uma fonoaudióloga.

Sobre a capacidade de pensar visualmente, Temple relata no artigo um aspecto curioso desse pensamento, ao explicar como fazia para compreender a oração do “Pai Nosso”:

“Quando eu era pequena, eu precisava visualizar a oração do "Pai Nosso" para compreendê-la. O "poder e a glória" eu via como torres elétricas de alta tensão e um imenso arco-íris brilhante formando um sol. A palavra "transgressão" era visualizada como um sinal de "proibido traspassar" preso na árvore do meu vizinho. Algumas partes da oração eram simplesmente incompreensíveis para mim. O único tipo de oração não visual que eu tenho é quando eu penso em música.”

Sobre o seu processo de alfabetização, Temple destaca a importância de sua mãe como alfabetizadora e do método que esta utilizou:

“A minha mãe foi a minha salvação no que diz respeito à leitura. Eu nunca teria sido capaz de aprender pelo método que requer a memorização de centenas de palavras. Palavras são muito abstratas para se lembrar. Ela me ensinou através de fonemas antigos, que não são usados atualmente. Depois que eu trabalhei bastante e aprendi todos os sons, eu fui capaz de ler as palavras. Para me motivar, ela lia uma página e parava subitamente na parte mais empolgante. Eu tinha que ler a próxima sentença. Gradualmente, ela foi lendo menos e menos. A Sra. David W. Eastham do Canadá ensinou seu filho autista a ler, com métodos similares, fazendo uso de alguns métodos montessorianos. Muitos professores pensavam que o menino fosse retardado. Ele aprendeu a se comunicar datilografando e veio a escrever lindas poesias. Douglas Biklen da Universidade de Syracuse, já conseguiu ensinar algumas pessoas autistas não-verbais a escrever fluentemente na máquina de escrever. A princípio, para evitar repetição em uma só tecla, os pulsos são sustentados por outra pessoa. “

Sobre as fixações tão comuns no comportamento autista, Temple nos apresenta os seus significados. Em seguida, orienta os professores sob como tirar proveito delas em favor da criança com autismo, de modo que possam representar o início de uma carreira profissional futura:

“Outra das minhas fixações eram as portas de correr de vidro. No início eu estava interessada nelas porque eu gostava da sensação de vê-las se movimentando. Depois, gradualmente as portas tiveram outro significado para mim. (...) Um adolescente autista que tenha interesses desse tipo pode ser estimulado a aprender mais sobre ciências. Se o meu professor tivesse me desafiado a aprender os mecanismos e partes eletrônicas da porta de correr, eu provavelmente teria entrado na área de eletrônica. As fixações podem ser tremendos motivadores e os professores precisam usar essa ferramenta. Quando os interesses da criança são estreitos é preciso trabalhar para aumentá-los e transformá-los em atividades construtivas. O mesmo princípio pode ser aplicado tanto em crianças com um comprometimento pequeno quanto crianças com comprometimento mais forte com o autismo. Simons e Sabine (1987) dão uma lista com muitos bons exemplos.”(...) Muitas das minhas fixações, à princípio, estavam relacionadas aos meus sentidos. Quando eu estava na quarta série, gostava de usar um certo tipo de propaganda eleitoral que era feita de duas placas de madeira presas de maneira que eu as vestia como se fosse um vestido. Na verdade, eu gostava de me sentir um sanduíche com as placas na frente e atrás. Alguns terapeutas dizem que o uso de uma veste mais pesada freqüentemente reduz a hiperatividade”.

Com base em sua experiência, Temple defende a necessidade da intervenção precoce para tratar o autismo, assim como professores qualificados para prestar apoio e direcionar suas fixações.

Uma ótima leitura! Acesse o artigo completo aqui: http://www.autismo-br.com.br/home/Grandin1.htm


segunda-feira, 25 de junho de 2012

MINHA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA COM O AUTISMO



Em 2005, recebi o convite para atuar como pedagoga no então Centro Municipal de Educação Especial, pertencente à Secretaria Municipal de Educação em Manaus/Am.  Fiquei surpresa com o convite, já que não possuía nenhuma qualificação nesta área, ao mesmo tempo em que me senti desafiada a aceitá-lo, movida por questões éticas e morais.
É muito comum ouvir de profissionais da educação a justificativa de que não podem atender uma criança com deficiência em razão de não possuírem formação específica para tal. No entanto, os profissionais que atendem às crianças com deficiência, na maioria das vezes, não tiveram formação específica, na graduação, para atuarem na área.  Sendo assim, assumem a responsabilidade por sua formação, participando, constantemente, de cursos, seminários e congressos (quando podem arcar com os custos ou são gratuitos). Além de muitas leituras sobre o tema, buscando sempre articulá-las a sua prática pedagógica.
                Durante os anos de assessoramento às turmas que atendiam crianças com deficiência nos incomodava a falta de criatividade de uma parcela dos professores no uso dos recursos pedagógicos. Em geral, a atividade de rotina centrava-se, sempre, na realização de exercícios no caderno ou mimeografados. O objetivo era, parecia-nos, manter o aluno sentado na cadeira, realizando infindáveis cópias, muitas vezes sem o mesmo  ter compreensão alguma do que estava fazendo. Um ato mecânico, desprovido de sentido. Outro desconforto era perceber que havia alunos que permaneciam longos períodos na Classe Especial sob a justificativa de que não estavam aptos a serem integrados ao ensino regular. Alguma coisa estava errada.
                Essa foi a razão pela qual decidimos elaborar um projeto de intervenção pedagógica baseado no uso dos jogos de regras como forma de mediar a aprendizagem, de modo a auxiliar tanto o aluno quanto o professor. Um ano depois, vimos  que poderíamos usar esse mesmo projeto em turmas de alunos com autismo, matriculados na Escola Especial André Vidal de Araújo.  Tínhamos a crença de que era possível ajudar às crianças com autismo a vencerem algumas de suas limitações no âmbito da interação, comunicação e aprendizagem, através da aplicação dos jogos de regras.
                Sabemos que uma das principais dificuldades  das crianças que apresentam autismo está em estabelecerem interações positivas com o outro, de modo que isto acaba afetando a sua comunicação e o desenvolvimento de sua linguagem. Nesse sentido, é preciso investir recursos e estratégias pedagógicas visando sua socialização, de modo a estimular e desenvolver tais competências.
                Alguns imaginam que para lidar com uma criança com TEA (Transtorno do espectro do autismo),  devemos nos moldar ao seu comportamento, na verdade é justamente o contrário ou não faria sentido falar em socialização para esses pequenos.  
Desse modo a aplicação dos jogos de regras cumpriu muito bem o seu papel, já que são capazes de promover a interação mediada pela atividade lúdica, de um modo muito agradável e “indolor” para crianças com autismo. A troca, a partilha, a observância do limite entre a minha ação e a ação do outro, estimulam o desenvolvimento do autocontrole da conduta e consequente autonomia.
Além disso, as crianças atendidas foram capazes de desenvolver habilidades sociais muito importantes, tal como aprender a lidar com suas próprias frustrações, no momento em que perdiam no jogo. No início, evidentemente, ocorreram às birras, mas, com o passar do tempo - à medida que as regras do jogo eram assimiladas - elas foram cedendo a uma atitude de resiliência, o que significou para nós um grande avanço. Como esse tipo de habilidade só pode ser aprendido na prática, a convivência social através do jogo foi fundamental.
Crianças com autismo são, sobretudo crianças, dotadas  de uma personalidade própria. Não existe uma criança com autismo igual à outra com o mesmo transtorno. Não faz sentido buscar estabelecer procedimentos pedagógicos baseados em padrões de comportamentos autistas que só existem na literatura médica.
 Não existe um padrão único de comportamento que caracterize as crianças com autismo, da mesma forma que não existe um padrão único que caracterize os ditos normais. Sendo assim, não existe uma receita pronta, uma orientação prévia. Somente o contato com uma criança com autismo nos permitirá conhecê-la e entender que ela é produto muito mais das interações que estabelece com o meio do que fruto, apenas, de um transtorno.
Muitos profissionais por conhecerem profundamente os padrões que caracterizam um comportamento autista, ao se depararem com o sujeito real, não conseguem enxergá-lo, pois o que eles veem é, somente, o Autismo.
No entanto, ao se permitirem conhecer crianças com autismo percebem que não existe um comportamento homogêneo neste grupo, apesar de todos apresentarem limitações no processo de interação em maior ou menor grau. Quando isto acontece chegam a duvidar que determinadas crianças tenham autismo já que estas não se encaixam na maioria das características descritas pela literatura médica.
Não estamos negando a existência do Autismo. O nosso desejo é que as pessoas passem a enxergar as crianças com autismo, antes de tudo, como crianças. Para as quais a educação no âmbito familiar e escolar são tão importantes para elas quanto para qualquer outra criança.
Não desejamos que todo comportamento de uma criança com Autismo seja justificado, apenas, pelo transtorno. Já que dependendo da natureza das interações que estabelece com o meio e  os sujeitos, sua resposta poderá ser positiva ou não.  O fato é que não é possível definir os limites entre o que é resultado do transtorno e o que não é. Para alguns, todo o comportamento da criança é justificado pelo Autismo, porque é a única coisa que as pessoas enxergam: uma “criança autista”. Quando deveriam enxergar uma criança com Autismo. O autismo é apenas um dos seus atributos.
Essa mudança de perspectiva faria uma enorme diferença no atendimento às crianças com Autismo. Talvez assim, poderíamos encontrar mais respostas do que indagações. De antemão, podemos afirmar que existe um leque de possibilidades, pois, em condições favoráveis, pessoas com autismo podem se desenvolver de forma plena e saudável. É nisso que acreditamos.
Nota:
             Existe um registro em vídeo do trabalho realizado com estas crianças no ambiente da Escola Especial, em 2010.

Este relato foi elaborado no período em que a pedagoga Solange Oliveira atuou como assessora pedagógica das Classes Especiais, Salas de Recursos e Escola Especial sob a coordenação da Profa. RENI FORMIGA, gestora da Gerência de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação, em Manaus/Am, em 2010.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NA RIO+20


Representantes dos Governos do mundo inteiro são os convidados especiais da Conferência  Rio+20, cuja principal tarefa  consiste na elaboração de um documento, fruto do consenso nos debates e reflexões,  na perspectiva, espera-se, da construção de um mundo mais sustentável.  Vinte anos após a conferência anterior, realizada no Rio em 1992, teremos mais uma vez a oportunidade de refletir, em âmbito nacional e internacional, sobre o futuro que desejamos para o mundo nos próximos vinte anos.

O maior desafio para os líderes mundiais e os mais variados segmentos sociais está na capacidade de definir uma equação que possa reduzir  a pobreza;  promovendo justiça social e preservação ambiental.

“A definição mais usada para o desenvolvimento sustentável é:

O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”. (www.wikipedia.org)

Se pudéssemos dar um conceito para o nível de sustentabilidade existente no mundo, hoje, certamente a nota estaria entre 0 e 5. Isto porque a humanidade possui como característica mais marcante, um estilo predatório. Viver de forma sustentável pressupõe uma mudança de paradígmas (valores e crenças). Esta mudança levará à mudanças de comportamentos que resultam de uma maneira mais inteligente e racional na forma como nos relacionamos com o meio ambiente, cujo principal protagonista é o ser humano. É fundamental estabelecer um equilíbrio nesta relação.

Esta mudança de comportamento pode começar com atitudes muito simples. Basta seguir as dicas, clique aquihttp://consumidormoderno.uol.com.br/consumo/dicas-para-ter-uma-vida-mais-sustentavel-em-2012

Todos sabem da existência de fontes de energia limpa. Uma alternativa inteligente e racional no uso dos recursos naturais, como por exemplo, a energia solar. Causa-nos surpresa a falta de investimentos neste setor, considerando a localização geográfica do Brasil, próxima a linha do Equador. No entanto, um brasileiro fez a diferença ao inventar a lâmpada movida à energia solar. Vejam:








domingo, 17 de junho de 2012

A FIM DE SER FELIZ, VOCÊ DEVE AMAR!



"A fim de ser feliz, você deve amar - amar com sacrifício, amar a tudo e a todos, e estender uma rede de AMOR por toda parte. Seja quem for que caia nessa rede, é preciso pegá-lo e inundá-lo de AMOR". (Leon Tolstoi)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A sexualidade da pessoa com deficiência



            De acordo com o geneticista Zan Mustacchi, o Brasil possui cerca de 300 mil pessoas com Síndrome de Down. A expectativa de vida deste grupo de indivíduos passou de 15 para 70 anos, certamente como resultado do acesso à informação, à Educação e ao atendimento multidisciplinar que tem proporcionado às pessoas com Síndrome de Down uma melhora na sua qualidade de vida, assim como, a possibilidade de exercerem plenamente sua cidadania.

        Apesar disso, muitos pais impõem limites ao relacionamento afetivo de seus filhos com Síndrome de Down. Estes pais ignoram o fato de que pessoas com Síndrome de Down, apesar de apresentarem limitações de natureza intelectual, são pessoas, como nós, movidas por desejos, sonhos e aspirações. Pessoas que amam e que desejam ser amadas. Pessoas que também estão em busca de sua cara-metade. A quem devemos dispensar os mesmos cuidados que dispensamos aos demais jovens, ou seja, oferecendo-lhes orientação e informação, de modo a que tenham uma vida afetiva equilibrada, segura e feliz.


FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!!


Google imagens

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

domingo, 10 de junho de 2012

Uma ótima semana para todos e todas!

"Fracasso não será fracasso, se dele tirarmos uma lição, por isso não tenha medo: arrisque"
Ronald Niednagel


"Sucesso é uma questão de não desistir, e fracasso é uma questão de desistir cedo demais"  Walter Burke


 
ar é o prD"Oenjmfkjfjfjmeiro passo para a conquista de nossos sonhos.

Desejar é o primeiro passo para a conquista de nossos sonhos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Meio Ambiente: do discurso à prática


Aula-passeio no Parque do Mindú
     A reflexão sobre a questão ambiental deve ser diária. Pois, toda e qualquer atitude, desde a hora em que nos levantamos pela manhã até a hora em vamos dormir, exige de nós uma postura consciente em relação ao meio ambiente. Aqui concebido, sobretudo, como o espaço em que vivemos e exercemos nossas atividades cotidianas. Alguém já disse, certa vez, que toda e qualquer ação humana exerce algum impacto, seja positivo ou negativo, produzindo consequências benéficas ou maléficas para o próprio ser humano e o seu entorno.

Coleta Seletiva no entorno da Escola com a turminha
               São frequentes as mobilizações nacionais e internacionais ditas em defesa do meio ambiente. Isto porque, apesar de todos esses “esforços”, questões básicas que geram problemas enormes e que colocam em risco a sobrevivência humana, não parecem estar na pauta destes grandes movimentos. Como por exemplo: a falta de saneamento básico para grande parte da população, cujas cidades, na maioria, não dispõem de sistema de esgoto e nem de coleta seletiva ou projetos inteligentes que possam dar uma destinação adequada às milhares de toneladas de lixo produzidas, diariamente, pela população, principalmente, das grandes cidades.

Compartilhando  conhecimentos - ensinando os colegas a separar o lixo.
  As iniciativas que visavam exterminar as sacolas plásticas parecem ter naufragado. Sacolas plásticas, supostamente, biodegradáveis foram vendidas à população e logo em seguida ficou constatado que as tais sacolas não eram tão ecológicas como se imaginava.


Faltam políticas ambientais e investimentos na reciclagem dos resíduos sólidos. Resíduos sólidos  são aqueles gerados  após a produção, utilização ou transformação de bens de consumos (exemplos: computadores, automóveis, televisores, aparelhos celulares, eletrodomésticos, etc).

“Muitos destes resíduos sólidos são compostos de materiais recicláveis e podem retornar a cadeia de produção, gerando renda para trabalhadores e lucro para empresas. Para que isto ocorra, é necessário que haja nas cidades um bom sistema de coleta seletiva e reciclagem de lixo. Cidades que não praticam este tipo de processo, jogando todo tipo de resíduo sólido em aterros sanitários, acabam poluindo o meio ambiente. Isto ocorre, pois muitos resíduos sólidos levam décadas ou até séculos para serem decompostos.”(www.suapesquisa.com). Dentre eles destacam-se as pilhas e baterias de celulares  que eliminam substâncias altamente tóxicas, causando prejuízos ao solo e a água, se depositados nos aterros sanitários.

Em minha casa e no meu trabalho separo o lixo que pode ser reciclado ou reaproveitado e os encaminho para os Postos de Coleta Seletiva, mesmo sem a certeza de que terão a destinação correta, já que existe uma grande probabilidade de que sejam encaminhados para os aterros sanitários, em razão da falta de investimentos e políticas sérias no tratamento destinado ao lixo.
Minha turminha abraçando a árvore.

É lamentável que grande parte dos discursos que ouvimos em favor da preservação do Meio Ambiente, não passam de meros discursos já que não se convertem em ações práticas que possam, efetivamente, mudar a relação  equivocada que o homem mantem com a natureza; o espaço onde vive e pretende ser feliz.

O futuro será promissor se pudermos deixar para as futuras gerações o melhor exemplo, no que tange ao respeito com o Meio Ambiente. Que não pode se limitar, apenas, ao cumprimento de um conteúdo didático, mas, ações concretas e cotidianas de preservação ambiental.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Abuso sexual na infância: é preciso tocar nesta ferida


Recentemente,  a sociedade brasileira  ficou estarrecida diante do depoimento ao Fantástico da apresentadora Xuxa,  que relatou sobre o abuso sexual vivido na infância. Posteriormente,  os meios de comunicação informaram que em razão deste depoimento um número crescente de denúncias vieram à tona pelo Disque 100.  Denúncias que partiram de jovens adolescentes que se sentiram encorajadas a falar sobre uma dor para a qual,  lamentavelmente, não há remédio. Uma dor que é obrigada a se calar diante da impunidade que parece ser a regra, no Brasil.
Temos  consciência da existência do abuso sexual na infância. Assim como, também estamos cientes  das inúmeras dificuldades para vencer  este “câncer”  social. Este me pareceu o termo mais apropriado para descrever uma agressão tão covarde e monstruosa. E, podem ter a certeza do quanto está sendo difícil  falar sobre isso.  No entanto, tenho o dever moral de fazê-lo, como pessoa, profissional e mãe.
Aos 9 anos de idade fui surpreendida pelos “carinhos” do meu pai, que vez por outra nos visitava, pois estava separado de minha mãe. No início, pensei que se tratasse de um carinho mesmo. Ele  estava bêbado e me puxou para deitar com ele numa rede que estava estendida na sala. Colocou-me deitada sobre sí,  e começou, então, a passar a mão no meu corpo,  concentrando  seus “carinhos” em minhas partes íntimas. Quando isto aconteceu, comecei a sentir que algo não estava certo, pois os “carinhos” estavam me machucando, tanto física quanto espiritualmente. Não demorou, e, em seguida,  ele fez um movimento na direção de seu orgão genital. Neste instante, de forma impulsiva, pulei da rede e corri para o quintal, ficando lá por horas, no escuro, enquanto minha mãe conversava com a vizinha, totalmente alheia ao que estava acontecendo comigo.
Não consigo lembrar como dormi naquela noite. Mas, aquele episódio manchou minha alma, tirou minha inocência, pois,  já não podia me sentir pura, mesmo não tendo sido violentada. Mesmo assim,   sentia-me como tal.
No dia seguinte, meu pai foi embora, e toda vez que ele voltava,  eu me escondia  até que ele pegasse no sono. Demorei a contar para alguém. Tinha medo das consequências, pois ele era muito violento.  Nasci, vendo meu pai espancando  minha mãe;  é uma cena terrível para uma criança. Eu não desejava que isto acontecesse novamente. Por essa razão acabei contado para a minha irmã mais velha, que em seguida contou para minha mãe. Ela, então, o expulsou de casa. No entanto, antes de sair ele deixou sua marca: espancou minha mãe e meus irmãos. Não preciso nem dizer o quanto me senti  responsável por isso.
As consequências de uma experiência de abuso sexual, dentro da própria casa, por uma pessoa que deveria te proteger, são inúmeras. Pessoalmente, insegurança e  baixa autoestima foram as que mais me afetaram.
Meu pai faleceu há alguns anos atrás, vítima de  uma acidente de trânsito. Antes de morrer,  ficou em estado de coma e não mais retornou. Durante este período, estive com ele no hospital  e pedi muito por sua recuperação.  No seu sepultamento, pedi perdão por não amá-lo como gostaria.
Recentemente, tenho pensado em como trabalhar a temática do abuso sexual com as crianças do meu CMEI,  de modo que elas possam identificar  o bom carinho e o  mal carinho. É preciso desde cedo saber a diferença entre ambos.
Juridicamente, o estupro foi considerado um crime hediondo. Qualquer tentativa de abuso sexual  deve ser considerada um crime hediondo. Não podemos ser tolerantes com tal violência. Não podemos ter vergonha de falar sobre isso. Pois quem  se beneficia do silêncio é o agressor.
“Com a reformulação do Código Penal, em 2009, qualquer tipo de contato sexual com crianças e adolescentes, mesmo sem conjunção carnal, passou a ser considerado estupro e, portanto, qualificado como crime hediondo. A Lei 12.015, de 7 de agosto daquele ano, passou a tratar de forma mais rigorosa os agora chamados crimes contra a dignidade sexual. Houve o agravamento de penas e medidas processuais, sobretudo para os crimes cometidos contra menores de idade.” (http://www.em.com.br). As penas podem chegar a 15 anos de reclusão e qualquer pessoa pode apresentar a denúncia, o que não ocorria anteriormente. As mães, também, não podem ser omissas. Devemos estar vigilantes, pois o agressor pode estar mais perto do que se imagina.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Feliz Dia das Mães!!!


Para Sempre 

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento. 

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 28 de abril de 2012

DIA DO TRABALHO E DO(A) TRABALHADOR(A)


       Quero, antecipadamente, prestar a minha homenagem aos milhares de trabalhadores do nosso querido Brasil. Homens e mulheres, que, de sol a sol,  realizam seu trabalho com compromisso, seriedade e, sobretudo, entusiasmo.

      Em especial, aos trabalhadores que realizam os trabalhos mais humildes, mas, com uma grandiosidade, dignidade e entusiasmo raros. Trabalhadores que para muitos se tornam invisíveis por trás de suas fardas. E, que, apesar dos vergonhosos salários, exercem sua profissão com profunda dignidade. Parabéns!!!!
      Escolhi uma mensagem de Madre Teresa de Calcutá, prêmio Nobel da Paz/1979, muito especial para mim e espero seja para vocês. Imagens: Google. Música: Nocturne. Artista: Secret Garden. Aprecie o vídeo da música e sua tradução em http://letras.terra.com.br/secret-garden-musicas/219262/traducao.html

     


sexta-feira, 20 de abril de 2012


A ESCOLA

Escola  é...
o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas,  horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
 que se alegra, se conhece, se estima.
 O diretor é gente,
 O coordenador é gente, o professor é gente,
 o aluno é gente,
 cada funcionário é gente.
 E a escola será cada vez melhor
 na medida em que cada um
 se comporte como colega, amigo, irmão.
 Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”.
 Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
 que não tem amizade a ninguém
 nada de ser como o tijolo que forma a parede,
 indiferente, frio, só.
 Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
 é criar ambiente de camaradagem,
 é conviver, é se “amarrar nela”!
 Ora , é lógico...
 numa escola assim vai ser fácil
 estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
 ser feliz.

  Paulo Freire